sábado, 4 de abril de 2015

Desculpa Se Sou Puta -Capítulo 12







O corpo é encaixe, peça fundamental,
continuidade...
Fim do que é nosso e inicio do resto do mundo...
O meu é metade do teu...

Inês Dunas:Meu corpo nu teu corpo
http://librisscriptaest.blogspot.pt/2012/08/meu-corpo-nu-teu-corpo.html



O poder do conhecimento quando bem aplicado pode ser uma arma, um escudo de defesa ou um argumento de invencibilidade. O conhecimento adquirido, os ensinamentos bíblicos que não são contemplados em salmos, são gravados na nossa alma, a ferro quente, quer nos apercebamos disso na altura, quer nos seja cobrado em forma de dor num futuro próximo.
Entregue a vários tipos de loucura, perdida nos braços, beijos e dedos de P. e A. senti que ascendi de certa forma a um plano que sendo sobretudo carnal, era a antecâmara do culminar da minha ascensão.
P. ainda não me tinha feito mulher, não me havia penetrado nem sequer o tentara e sinceramente não precisava que ele o fizesse para me sentir outra pessoa. Assim que P. me deixou em casa, senti que de certa forma deixara de ser a larva, enterrada num casulo aguardando a altura certa de sair. 
Na mestria da ponta de dois dedos daquele homem, transformara-me numa bela borboleta com ânsia de querer voar, conhecer muito mais e aprender tudo o que poderia. Naquelas duas horas e meia havia-me esquecido por completo da minha idade, da minha mãe, do divórcio dos meus pais e até de mim me esquecera. em suma...Gemera,gritara, não sangrara, mordera, morderam-me, cuspi,cuspiram-me, chupei, suei, fui chupada,apalpada, sem restrições, sem receios, sem limites.
A. acompanhara-me em todo o processo, não acusando minimamente os beijos do pai, as minhas lambidelas, os meus arranhões, os dedos dele nela, os seus gemidos misturavam-se com os meus, mal abafados pelo volume da TV sabiamente sintonizada no VH1.
Pelo quarto ecoou Nirvana, Stone Temple Pilots, Prince e algumas mais músicas Pop que sinceramente nem prestei sentido, focada que estava em receber todos os "mimos" a que tinha direito.
O mais irónico de tudo é que nada me assustou ou me fez hesitar em relação à entrega do meu corpo, embora certamente tivessem havido momentos menos intensos, pausas forçadas para ganhar ânimo e deixar a marca dele. secar na nossa pele, como uma tatuagem em marca d´água.
Para o grande final  P.de novo erecto, colocou-me de joelhos sobre a cama, deixando-me beijar os seios de A. que se encontrava deitada, alisando-me a face, como se de certa forma pudesse adivinhar o que ele pretendia. ,Senti a frescura do gel no meu ânus e encarei o rosto sereno de A. que me segredou em tom de desafio:
-Deixas?
-Tu deixavas? - Perguntei em tom de desafio.
Ela riu-se quase em surdina, beijou-me nos lábios e gritou:
-Dá-lhe tudo!
Ele não se fez rogado e confesso que gritei, mas gritei com fúria e prazer. Doeu bastante a entrada, doeu ainda mais a segunda e terceira estocada. Por qualquer razão ele perdera o carinho e a calma. Cada estocada era mais violenta que a anterior e as palmadas fortes nas minhas nádegas não ajudavam à recuperação. 
o meu cabelo na mão autoritária de A., impedindo-me de olhar para ele, as mãos dele sobre os meus ombros,marcando ritmo como se eu fosse um acordeão...afrouxando, puxando... afrouxando, pousando e eu de olhos fechados, forçando-me a conter as lágrimas.
Demorei pelo menos uns vinte minutos, depois dele me ter encharcado as costas, até conseguir me levantar e voltar ao chuveiro, desta vez sem a companhia de A. 
Na verdade ficara decepcionada por ele ter preferido meter no ânus e surpreendida pela atitude de A. como se já tivesse presenciado tal acto mais vezes.
A excitação do momento provocou em todos nós momentos de pouca lucidez e muito desejo e sem qualquer recurso a drogas. O que prova que os pais que ficam felizes pelos filhos não usarem drogas, nem sempre é sinal consciência.

Contudo o culminar de um fim de manhã e inicio de tarde contrastou com o pesado silêncio que me esperava em casa. A casa vazia, o meu quarto em tons azuis porque a minha mãe sempre acreditou que teria um rapaz. Os peluches dados pelo meu pai sempre que vinha tarde e eu já dormia. Na parede alguns dos meus heróis do panorama musical, com especial incidência para Bieber (sim, eu sei, resquícios da era pita). E no entanto percebi que aquele quarto já não era meu, era da larva, da minha fase criança. Algo teria que mudar. Lembro-me de ter sacudido negativamente a cabeça, deixado cair a mochila, despir-me sem qualquer hesitação, descer as escadas até à cozinha, servir-me de uma cerveja em lata (resquícios da presença do meu pai), subir as escadas, ligar a aparelhagem e atirar-me para cima da cama.
De repente tive o secreto desejo que me vissem nua, O Mundo inteiro poderia se assim o entendesse, observar-me, tocar-me numa comunhão da minha ascensão e sorri ante a sensação de eterna liberdade no que de momento poderia dar ao mundo....O meu corpo!




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