segunda-feira, 21 de março de 2011

A Cabana



O pequeno lago,
Quieto,
O vinho feito mago,
aberto!
E lá ao longe na cabana
o arquitecto
passava a semana
boquiaberto.

Era sobretudo falta de algo
Intelecto?
Era por demais evidente
desperto?
Que lhe falatava alguem
Por perto?
para abafar o silencio demente
era certo!

Estava a luz a ir-se
Escapulir-se?
A noite a chegar
devagar!
Nessa semana passada
pobre maçada!
a Loucura a tilintar
Pudesse ele remar!!

Havia se retirado
pobre coitado!
Como um eremita
sorte maldita!
para da vida pensar
o seu penar?
deixar de rimar!
o ar, o ar.

Um velho coitado,
danado
a ele, lhe disse
entao?
que jamais sorrisse
sentisse?
enquanto não perdesse rima

Saiu do escritório
premptório,
apanhou o comboio
purgatório
perdeu-se numa estação
de Antão?
e abandonou a razão
pois não

Ouvira falar da cabana
toda a semana
propriedade de mulher insana
essa profana
e lá foi passar uma semana
de cana?
perder a rima numa cama

Todos os dias tentava
perdurava?
a prosa sair
cair?
mas nada brotava
afagada
da caneta inerte.

A ele chamavam-lhe estranho
louco?
que era tido diferente
de repente?
que isto de falar a rimar
sem parar!
só pode ser mau agoiro

ele que achava tal, ser tesouro
besouro!
ele que amava ser diferente
inocente!
agora constata que é louco
demente!
grita até ficar rouco

Nada lhe valeu, sem telemovel
sem imóvel
sem internet, sem companhia
perdido
a rima não parava de sair
na cabeça
nem que pudesse pedir
sorte não mereça

Desfeito e contrafeito
bem feito
abandonou o lago
e o mago?
Vestiu-se a preceito
voltou para o seu fado

A rimar…

Louco decerto!

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