terça-feira, 12 de abril de 2011

Diablo - capitulo 5


O som dos passos apressados ecoaram pelos corredores estreitos   da raramente conhecida sede da Poilicia Secreta Mexicana.
Criada em 1982, por iniciativa do então Presidente da Républica Mexicana, a P.S.M. não era mais do que um punhado de bons sujeitos, sem grande preparação para cenários de espionagem, que zelavam contra qualquer ameaça publica à figura do Presidente.
Contudo, alguns anos depois, ao abrigo de um protocolo com a própria CIA, a PSM foi crescendo em organização e metodologia. Usavam sobretudo os antigos gentes das forças policiais e militares, aproveitavam o conhecimento que eles tinham da cidade metropolitana e acima de tudo, da experiência de vida.
Foi na verdade um caminho penoso para uma organização algo deficitária em confiança nos conturbados anos 90, mas hoje em dia cumpriam os seus requisitos. Não só não era falada na praça publica, como os membros a ela afectos permaneciam desconhecidos, mesmo para a polícia normal.
Raul Marquez um dos "duros" da PSM, era um dos mais antigos na força. Fora juntamente com Tucilla escolhido e convidado para a secção, mas ao invés de Tucilla que que recusou o convite com um sorriso sarcástico, Raul percebeu que poderia ser a oportunidade da sua carreira e aceitou sem pestanejar.
Talvez por isso, cada vez que encontrava Tucilla ficava com um gosto amargo especial na boca. Apesar de lhe terem garantido o inverso, ele sempre achou que só entrara para a PSM porque Tucilla recusara o convite. Ele sempre se viu como segunda opção e isso não era muito agradável ao seu Ego.
Desde então usava as suas horas de expediente a criar piadas sobre Tucilla ou a contribuir para a fama de " Pistoleiro Louco" dentro da força policial.
Para agravar ainda mais o cenário, finalmente em cerca de 5 anos que ele tinha um caso gigante entre as mãos e quando lá chegou, de fato engomadinho e a procurar a imprensa, quem estava lá? O Tucilla e aquela inspectorazeca de segunda categoria....
Ela não lhe causava qualquer receio, pois estava visto que mulheres na policia só serviam para aumentar a confusão e distrair os parceiros. Era na verdade algo que ele verdadeiramente acreditava. A força policial era coisa de homem, de hombres duros e másculos e não de miudas com belas pernas e cara de reclame de cosméticos. Agora o Tucilla, a sua presença no local inquietava-o.
Sem conseguir falar com o colega recem promovido, ainda perdido nos seus pensamentos, Raul bateu à porta metalizada e aguardou autorização para entrar, posto que foi seguido pelo jovem colega:
-Presidente, chamou?
-Sim Raul. Entrem....Acabei de ver algumas imagens!
-Conforme suas instruções, estivemos no local, senhor presidente!
Marcolino De Jesus, o presidente recente empossado da PSM, sentou-se pesadamente sem desviar o olhar dos seus dois homens e demonstrando algum receio pela hipotética resposta, inquiriu:
-Foi tão mau assim?
-Terrivel, senhor presidente. Nunca vi nada igual. Esperamos resultados das análises que neste momento estão a ser efectuadas aos cadáveres, mas...bom, tirei umas fotos.
Sem perder tempo e porque Raul tinha orgulho na sua Polaroid, defendendo inclusivamente a sua vasta utilidade, mesmo acossado pela invasão de máquinas modernas, sem rolo,pousou os 3 retratos á frente do seu superior.
Calmamente como quem observa uma obra de arte em exposição, procurando defeitos ou imprecisões, Marcolino examinou atentamente as fotas e minutos depois, pousando-as sobre o tampo da mesa, advertiu:
-Como calculava, não se trata de nenhum golpe publicitário! Temos uma coisa de fogo, a matar indiscriminadamente nas ruas do México.
-Assim parece, Presidente.
-E a comunicação social sabe...
Raul ia falar algo, quando meditando na excelente possibilidade de meter mais veneno na reputação de Tucilla, provocou:
-Não foi só a imprensa....Tucilla e a fulana da policia estavam lá tambem!
-Tucilla?
-Sim.
-Não é a zona de juridisção dele! O que raio estava ele a fazer?
-Não sei presidente. O que sei é que ele estava a analisar os cadáveres, como se estivesse em investigação.
-Ah sim?
-Poderá ser um problema para a PSM, meu presidente. Bem sabe de certo a fama desse inspector quando bebe uns copitos.
Marcolino ergueu apressadamente a mão para o telefone e discou um numero conhecido:
-Esquadra da Policia de Los Caído, em que posso ajudar?
-Boa tarde, gostaria de falar com o Comissário Juarez
-Quem deseja falar?
-Inspector Marcolino De Jesus, da...da esquadra de Nuevo Leon.
-Muito bem, queira aguardar!
Segundos depois a voz abafada e nervosa de de Juarez soava ao telefone:
-Marcolino?
-Viva Juarez, como vais?
-Hombre, que é feito de ti? Nada sei de ti há anos.
-Lamento, mas sabes como é a vida de um policial da secreta!
-Pois, eu entendo. Que me pretendes?
-Posso falar por aqui?
Um curto silêncio foi a garantia que Juarez tomava as devidas providências:
-Sim, agora podes. Que se passa?
-sabes toda esta situação do "bola de Fogo"...
-O Diablo?
-Diablo?
-Sim. É assim que a imprensa o chama...de Diablo.
-Dios mio que imaginação....Sim, mas ouve precisava de um favor teu.
-Em que posso ser util?
-Dada a delicadeza do assunto e uma vez que o Presiente da Républica quer tornar este caso, caso de Defesa Nacional, não veriamos com bons olhos a interferência de qualquer elemento da tua esquadra nisto.
-Mas claro Marcolino! Aliás, essa área é fora da nossa Jurisdição...
-O Tucilla estava lá!
-O Tucilla? - O tom de irritado na sua voz, denotava um completo desconhecimento do assunto.
-Sim. Os meus homens viram-no lá com aquela inspectora...
-Mas eles estavam a investigar o crime no Orfanato.
-Talvez, mas a verdade é que eles estavam lá.
Uns segundos de meditação e por fim, a voz abafada de Juarez:
-Ok, deixa comigo. Tens via verde...e quanto á comunicação social?
-Ora, não foi na tua zona...Não sabes de nada e não deste por nada. Está percebido?
-Perfeitamente.
-Um abraço.
-Um abraço!
O sorriso de satisfação de Raul ganhava uma épica dimensão nunca antes revelada, mas nem assim foi visivel a Marcolino:
-Raul, organizarás uma equipa e seguirás o rasto desta coisa. Usa todas as mais valias da PSM, mas tens 48 horas para me apresentar dados concretos. Terei uma reunião com El Presidente da républica e não vou de mãos a abanar. Entendido?
-Perfeitamente señor!
-Indaga, vasculha e descobre!
-Sim señor!
-Pode ser que com sorte resolvamos isto rapidamente e tu....bom, talvez tenhas uma promoção.
Após bater com a porta o rosto de Raul denotava um  misto de ansiedade e felicidade sem limites. Finalmente a sua hora chegara!

Após bater raivosamente com o telefone, Juarez atravessou o pequeno corredor de acesso ao seu gabinete e sem se importar com quem passava,bateu com a porta e após sacar um Camel da sua cigarreira, respirou fundo e olhou de soslaio para as secretárias á sua frente. O lugar de Tucilla estava vazio e subitamente o seu mau humor alastrou-se pelo seu corpo, assumindo a forma de um nervoso miudinho. Sem querer perder tempo e porque odiava ser chamado à atenção, sobretudo por parte da secreta.
Tudo o que pedira a Tucilla fôra que investigasse o crime no bar e no orfanato. Nada mais, apenas isso. Que fosseaos locais do crime e tirasse indicios de crime. Apenas isso....Porque carga de água Tucilla faz doze quilómetros para ir meter o nariz em algo que não dizia respeito à sua esquadra?
Juarez conhecia Tucilla bem demais e na verdade dava-se ao luxo de poder contar com o instinto e a sua perìcia ao serviço da sua esquadra, mas era igualmente conhecedor do lado mau do inspector.
Desde que a sua arma de serviço iniciara a actividade contra gangs de droga, nunca mais abrandara. As vezes que ele tivera que proteger a sua conduta perante a opinião publica. As vezes que apesar de ele não ser visto no local, Juarez saber que de algum modo ele tinha começado o tiroteio.
Mas desta vez era diferente. desta vez não se tratava do dia a dia de guerra contra gangs. Desta vez a secreta estava no meio e ele sabia que eles não eram propriamente fãs de Tucilla.
Pegando nervosamente no telefone, marcou o numero do BIP do inspector e aguardou que ele ligasse.





2 comentários:

  1. O conto a ganhar mais contornos de suspanse e de adrenalina...

    Permite me realçar o facto das musicas que adicionas aos contos darem outro "ar", outra "adrenalina" a ler... Adicionas musicas fantasticas.........massssssssssssssssssss nao consegui ler este capitulo ao som da musica "run"....que eu adoro tantooooooooo....esta musica é mt romelica, sentimental, deixa me sensivel e faz me chorar....lool

    e agora deixo uma critica....devias ter escolhido esta musica para uma cena 'mais sentimental' ;-)

    ehehehehehe
    agora moi te pela criticazinha da musica e NAO do conto :P:P:P:P

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  2. gostei imenso! :)
    A música faz com que se sinta maior vontade de ler! ;)

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