quarta-feira, 8 de junho de 2011

Infidelius - Capitulo 7 (parte 3)



"Antes, quando fomos nós e deixamos de ser sós entre as pedras
e os nós que a garganta nos prendia...
Havia um mundo de gargalhadas por descobrir
em águas frescas e intocáveis...
Éramos cursos indomáveis em leitos feitos de quereres intensos..." - Inês Dunas
O Ninho das Garças
http://librisscriptaest.blogspot.com/2011/05/os-ninhos-das-garcas.html


Os dias iam ficando curtos e já havia uma data programada de fuga. Exactamente no dia anterior ao seu 18º aniversário, Caio iria ter com Marisa,ao local préviamente destinado,suficientemente longe de casa dela e suficientemente perto do caminho que tomariam, para que pudessem aproveitar todo o tempo disponível.
Só restavam quatro longas semanas, para que o sonho de ambos se realizasse e agora à medida que a data se aproximava Caio, sentia-se mais seguro que nunca.
Todos os pontos do plano eram suficientemente fortes para por si só, eliminarem erros eventuais e Marisa parecia bastante mais sossegada.
Havia como é lógico algumas pontas pendentes, de alguma gravidade, mas estavam dependentes de outros.
A satisfação de caio ia subindo na ordem inversa que o tempo ia diminuindo. Tudo estava perfeito.
Caio Levantou-se ainda sonolento nessa manhã, abriu o messenger e teclou ofline na caixa de texto de Marisa: Em breve meu anjo, seremos um só!.
De seguida tomou um duche rápido e desceu para o pequeno almoço, assobiando uma pequena melodia francesa que ouvira num vinil antigo do pai.
O cheiro de croissants frescos pela manhã, abriam-lhe sempre o apetite e´já sentia o paladar do café.
Nos ultimos degraus, contudo pareceu ouvir uma voz diferente, e curioso, estugou o passo em direcção à sala de pequeno almoço.
Não tivera muito cuidado com a roupa que escolhera, apesar de ser domingo e não esperava de todo que pudessem ter vistas.
Quando assumiu à entrada da sala, ficou branco,
Nicolas encontrava-se á cabeceira da mêsa, saboreando um croissant e bebericando uma meia de leite escura:
-Ah, o dorminhoco acordou! - Alertou sorridente a mãe.
-Bom dia Caio! - Saudou Nicolas sorrindo.
Ele ficou estático, diante da mêsa, encarando friamente o rosto divertido do Belga:
-Este senhor diz que tem um convite para te fazer! - Esclareceu o pai.
-Um convite?
-Receio que não me conheças Caio, mas eu faço parte do Conselho directivo da tua escola.
-Isso é mentira. - Negou Caio entre dentes
-Então rapaz, onde estão as tuas maneiras? - Advertiu o pai.
-Deixe estar, é natural que ele não me conheça. Eu...Eu faço apenas serviço externo.
Externo o caraças, mentiroso - Pensou Caio sob tensão.
-Bom, não sabia. - Dado as circunstancias ele preferiu entrar no jogo.
-Assim é melhor meu rapaz - Assentiu o seu progenitôr.
Caio ignorou por uns segundos a presença do padrasto de Marisa na sua mêsa, e concentrou-se em servir-se de uma dose generosa de café sem leite.
-Como te estava a dizer, este senhor acha que tu deves iniciar um estágio e até já
 -Estágio?
-Sim Caio. As tuas notas são exemplares e creio que possas ser uma mais valia no nosso mercado de trabalho.
-Como assim? - Caio ia mordiscando uma tosta.
-Bom, eu tambem sou sócio de uma empresa respeitada de financiamentos e lidamos com a alta roda financeira. Como o teu pai por exemplo!
-Eu conheço-os Caio. É um grande futiro e pode-te abrir a porta para a Universidade!
-Altas finanças? Segundo sei tal não é compatível com o cargo de administração numa escola pública. As finanças estão ao corrente desse seu tachinho?
O pai olhou-o incrédulamente e a mãe perdeu a côr, contudo Nicolas permanecia sorridente e tranquilo, olhando-o por uns minutos, como se esperasse uma reacção idêntica:
-Caio, nunca te imaginei tão malcriado assim. Comporta-te rapaz.
-Obrigado pelo aviso pai, mas tu mesmo me ensinás-te que hoje em dia ninguem dá nada a ninguem.
Vendo a impaciência do progenitor de caio, Nicolas atacou. Levantou-se batendo palmas:
-Viram o que digo? Este jovem é fabuloso. Calculista e perspicaz. Senhor Caio tem mesmo de vir trabalhar comigo!
De subito o cerco fechava-se. Não só ele sabia quem caio era, como onde morava e para piorar bastante a situação, ele já havia caído no goto dos pais. Caramba, este gajo é muito bom! Pensou assustado.
Até então, nada sabia de Nicolas, a não ser o que marisa lhe contava. Do pouco que vira dele, não conseguira ficar com uma imagem perfeita e cabal da sua importância e apesar de sempre ter reconhecido a importância de nicolas nos seus planos, nada o preparara para algo assim. Acabara o seu tempo dourado, acabara o momento de planos no conforto do lar. Agora era alvejado a curta distância.
Assim se ele negasse diante dos pais uma chance de singrar na vida, caìria o Carmo e a Trindade, e o ambiente seria de cortar à faca. O que inevitávelmente originaria discussões, ameaças e encurtaria forçosamente o seu tempo para se preparar para a grande fuga e acabaria por o levar a cometer erros.
Por outro lado, se ele aceitasse, entregava-se por completo às mãos do seu pior inimigo e colocaria em risco tudo o que havia prometido a Marisa.
A unica solução seria ganhar tempo:
-E tu mãe, o que pensas deste convite?
-Oh meu filho, acho que devias aceitar. Sabes quantos acabam a escola e ficam no desemprego? Eu não conheço ninguem que tivesse sido convidado pelo reitôr...
-Ele não é reitôr!
-Bem pelo presidente do Conselho
-Ele não é presidente de coisa alguma...-
-O que a tua mãe está a querer dizer, é que como membro do Conselho directivo da tua escola, estou a dar-te a unica oportunidade....
-Não, não está!Caio mantinha-se atento ao castanho do seu café, sem desviar os olhos da chávena, mas tentando parecer firme. Para não te mostrar que estou com mêdo, calhorda!
-Caio, meu filho começo a perdêr a paciência contigo!
-Pai, o que quero dizer, é que este convite não feito na qualidade de Membro do Conselho da escola, mas sim como empresário e sendo assim, não sei se devo aceitar. Pois tenho as aulas!
Como que alertado para uma incongruência no convite o pai concordou:
-Sim, isso é verdade Senhor Nicolas. O meu filho pode vir a ter faltas!
Nicolas sorriu e pousou delicadamente o guardanapo de pano sobre a mêsa, antes de esclarecer:
-Numa coisa o jovem tem razão. De facto é mais o empresário quem está  a fazer o convite que o membro do conselho Directivo da escola. Por outro lado, precisamente por ser membro do Conselho, a experiência deste jovem seria depois das aulas e se mesmo assim tivesse que porventura faltar, eu as justificaria sem qualquer problema.
merda como ele era bom. Nunca perdera a calma. Nunca dera motivos para ele contra atacar, nunca baixara a guarda.
-Vês Caio, este senhor pensa em tudo. - Assegurou-lhe a mãe.
-Sabem o que eu penso? Que Caio já não é nenhum menino e que deve falar a sós com este senhor. penso querida, que nos deviamos retirar e deixá-los sozinhos, enquanto conversam.
Caio tremeu diante da proposta. Tapados, isso é tudo o que ele quer!
-Muito bem querido. Caio, ficaremos a torcêr por ti!
Enquanto eles se afastavam Caio sentia dificuldade em engolir o resto da tosta, enquanto Nicolas olhava-o divertido.
Quando o som dos passos cessaram  e a leve porta envidraçada se fechou, nicolas colocou pacientemente a sua mão aberta sobre o pulso dele e apertou-o com firmeza, advertindo-o:
-Meu crápula, sei tudo a respeito de ti. Sei onde moras, com quem vives e o que fazes! Sei de quem tu gostas e amas e tambem sei, se o quizer, o que jantas-te toda a semana.
-Eu sei bem quem você é!
-Não, meu idiota não sabes! Estives-te muito perto de sabêr, mas não sabes. Nada sabes de mim, canalha e estou aqui para te provar isso mesmo!
-Ah sim?
-Afasta-te de Marisa. Afasta-te dela e eu deixo-te em paz.
-lamento, mas não o vou fazêr!
-Ah vais sim! És católico?
-Não tenho religião!
-É pena. Todos devemos ter algo em que acreditar. Eu por exemplo....
-Você o quê?
-Eu acredito que a minha doce Marisa é virgem e para teu bem, espero que o seja!
Caio sentiu uma revolta imensa dentro de si. uma vontade de oi esmurrar violentamente. De o atirar para o chão e espancá-lo até ele falecer, mas ao invés, resmungou:
-Não é da sua conta!
Nicolas sorriu e deu-lhe uma leve palmada na face:
-Enganas-te uma vez mais, meu jovem! Tudo em Marisa me diz respeito. Mas não te preocupes que vou descobrir.
Um sorriso nervoso saiu-lhe dos lábios e então Nicolas abriu o casaco tirando fotos dele com Marisa, ao redor da escola.
O gajo estava a ver-nos. Ele estava a vigiar-nos!- Constatou ele incrédulamente.
Nicolas sorriu ante o ar assustado do jovem e então continuou o seu pequeno teatro de terrôr, mostrando algumas fotos suas com a equipa do Futsal.
-Demorei para te conseguir encontrar, mas agora advirto-te que enquanto andares por aqui, a tua vida deixa de valêr um chavo! Terás sempre a minha imagem em cima de ti, o meu cheiro perto de ti e não darás qualquer passo, sem te perguntares onde eu estou.
-Duvido!
-Puto, não caias no erro de duvidar de mim. Eu sou na verdade o mais perto que poderás têr com o Inferno. O teu pai falou-me em te enviar para Espanha. Aproveita e desaparece, talvez assim te livres de mim.
Dominado pelo nervosismo, Caio levantou-se, limpou a boca e sorrindo ténuamente, ripostou:
-Podes conseguir impressionar a Marisa com esse teu sotaque esquisito e ar de mau, mas a mim não me assustas. Não me vou desviar um milímetro de Marisa, nem que ponhas uma acção no tribunal. Aliás até seria interessante compararmos fotos e videos no tribunal, não achas?
-Videos?
-Tudo documentado e bem filmado, em que se vê bem a tua cara. Talvez Marlene ache piada ao que tenho para mostrar!
O sorriso de prazer desapareceu por completo do rosto de Nicolas, estudando o seu opositôr, tentando descortinar um hipotético Bluff:
-Jogas Póker?
-Não, Nick. Eu sou mais Sueca, mas se fosse a ti estudava melhor as cartas que tens na mão. O Pott só tem piada, se tiveres a certeza que ganhas!
Concentrado Caio virou-lhe as costas e abandonou a sala, indiferente aos comentários que Niocolas pudesse fazer a seu pai.
Ele tinha a consciência que a vida dele agora corria perigo e arrependia-se de ter jogado um Bluff tão fraco no final. Quando ele descobrisse , iria descarregar em cima de Marisa e dele.
Pois com esta confissão ele passara a informação que Marisa contava-lhe as coisas que ele fazia e tambem por isso, corria perigo.



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