quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Infidelius - Capitulo 11



"Não há tempos para romantismos pausados,
a vida passa depressa,
sempre com pressa,
não se deixa saborear, numa caricia meiga e profunda..." - Inês Dunas
Querer ou não Crer...
http://librisscriptaest.blogspot.com/2011/01/querer-ou-nao-crer.html



Tinham acabado de fazer amor e o seu homem dormia ao seu lado.
O seu homem...Pensou com agrado, sorrindo timidamente na escuridão,enquanto sentia o sémen ainda morno, a escorrer vagarosamente pelas suas coxas entreabertas.
Lançando uma mão aberta ao outro lado da cama, sentiu os pelos do peito dele eriçados, num corpo nu, que a ela tanto dava prazer.
Era feliz e cada vez mais realizada. Nicolas, proporcionava-lhe uma calma desejada e sabia agora, depois de tantos anos o que realmente significava o termo família.
No passado, não muito distante, nunca lhe faltaram mimos, sorrisos atenciosos e as atenções de seus pais. Porém um dia acabou-se tudo. Ela engravidara, sendo solteira!
Realmente, pensou puxando a camisa de noite atirada longos minutos antes para os pés da cama, há decisões e atitudes que depois de tomadas, não se podem apagar. Teremos de vivêr com elas, as enfrentar ou então tentar ignorar!
Ignorar aquele Ser que crescia dentro dela, que já fazia parte de si, era algo que ela nunca conseguiria fazer. É certo que fôra imprudente,pois tinha perfeitamente conhecimento do risco a que se submetia, só não percebia nada de ciclos menstruais e contas de cabeça naquele preciso momento em que concebeu Marisa, não era propriamente uma das prioridades.
Mas assumindo o seu erro e amando aquela criança, que a pontapeava com carinho, como a avisando que ela estava prestes a vir, a partilhar o seu mundo com ela, a implorar-lhe que ela, enquanto mãe, servisse de guia do que ela iria vêr ao nascer.
Sim, era bom ser responsável por tamanha benesse, mas porque então a mãe não a aceitava. Afinal, ela tambem já partilhara o poder da criação e bolas, sempre era avó!
Mas "ficava mal", era "revoltante", era inconcebível que numa classe média alta ela fosse mãe solteira!
Desde então aprendera a cuidar de Marisa sozinha, aprendendo as diabruras do rabinho vermelho após tirar a fralda, do choro sem fim, de madrugadas e madrugadas ao relento, dos primeiros dentes, das primeiras brigas, das primeiras asneiras, dos primeiros sorrisos.
Agora que Marisa ia fazer 18 anos, ela sorria abertamente como sinal de dever cumprido e satisfeita consigo  mesmo.
Claro que tivera o grande reforço de Nicolas e a sua audácia, na forma incrvelmente clean como limpou o assunto do video, como amenizava as furias de Marisa e como parecia entender os grandes dramas de uma adolescente.
Compenetrada levou a mão até ao sexo dele. Gostava particularmente desta fase, em que a respiração sonolenta dele, ecoava ao seu ouvido como um convite. Gostava imenso de o sentir murcho e aos poucos voltar a ganhar forma, na sua mão, era quase como um poder unico e simultaneamente era a prova que apesar dos anos passarem a correr, ela continuava a saber dar prazer. Isso motivava-a frequentemente.
Faltavam dois dias para o aniversário dela e nem em sonhos, Marlene calculava que no quarto ao lado, a quase aniversariante preparava ao mais ínfimo detalhe, a sua fuga desse dia.
Ajoelhada e nua no chão do seu quarto, Marisa era finalmente dona do seu destino e da sua vida. Conseguira colocar o padrasto no lugar dele, conseguira interromper as suas visitas noturnas e como se tivesse tomado uma injecção de adrenalina, o seu cérebro registava mil e um afazeres.
Como sempre, pensava para si, o que demora mais tempo numa viagem, são sempre os preparativos. E ela tin ha bem a experiência disso. Desde que se lembrava que andava a reboque da mãe, saltando de lado para lado, consoante as oportunidades, mas desta vez, seria o ultimo salto.
Lambia delicadamente , a parte com cola do envelope e fechou-o cuidadosamente, assegurando-se de que as duas folhas A4 continuavam no interior do envelope. A mãe iria perceber o porquê da sua carta de despedida. nada tinha na verdade de mais, pois a bem da felicidade da mãe, resolveu ocultar o verdadeiro motivo porque fugia, acrescentando apenas o tema Ser feliz, á extensa narrativa.
Assim que acabou a formataçã do disco duro do Toshiba, deitou-se na cama e aguardou que o sono chegasse. Ouvia ao longe o ranger da armação de ferro da cama da mãe e consultou o relógio: 04:22 Am...Meu deus, eles continuam naquilo? Sorridente, vestiu a camisa de noite e deitou-se de novo, desta vez com as chaves da mota na sua mão direita. Afinal era o seu veículo para a liberdade.
O que ela não sabia, é que a cinco bairros dali, Guilherme acabava igualmente de redigir uma extensa carta , que cuidadosamente revia e eliminava os sempre existentes erros de ortografia. Afinal, ele escrevera de repente, sem pensar quase, saiu-lhe como ma torneira sem válvula de segurança, jorrando letras e frases seguidas, sem qualquer poderação. Contudo, no fim, pareceu-lhe tudo perfeito e sorriu, escrevendo no envelope pardo, no espaço destinado ao destinatário o endereço da esquadra mais próxima.
Colocou na carta tudo aquilo que ele achara pertinente e estava farto de fazer jogo-duplo. Seria ele mesmo, o mesmo Guilherme de sempre e remediaria aquilo que ele tentou ser. Sensívelmente às cinco e vointe e cinco da manhã, Sofia sentada no chão do gabinete do seu chefe, sorria divertida para a secretária junto da qual havia sido violada, e contemplando o monitor em cima dessa secretária, anotou o nome de uns ficheros, clicou duas vezes no botão direito do mouse, e vendo que já recolhera tudo o que procurava para a Pen que levar. Repentinamente, substitui o sorriso por um olhar distante e entre lábios, murmurou enquanto beijava a Pen, entre os seus lábios tensos:
-Apanhei-te!


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