quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

Desculpa Se Sou Puta -Parte 1 - Capítulo 3




Todos os castigos trazem um pecado antigo,
o meu agarrou-se às minhas pernas,
morde-as, beija-as, arranha-as numa caricia prepotente...
Um dia tomei uma decisão, mas as decisões não se deixam tomar
sem um namoro prévio...

Inês Dunas : A Fábula da Bela Adormecida e da cobra
http://librisscriptaest.blogspot.pt/2011/04/fabula-da-bela-adormecida-e-da-cobra.html


Após o choque inicial e após ter constatado que tanto o ciclista como eu estávamos bem, P. apressou-se a resguardar-me dentro do veículo, no lugar do pendura, daquela confusão, com a promessa a A. que me levaria ao hospital como precaução necessária após tal embate.
Eu, por mim estava pouco me ralando para o que quer que fosse. É certo que tanto o meu joelho direito como a minha cabeça doíam, mas sabia de antemão que este não era o momento de me armar em frágil.
Quando a situação se resolveu ele regressou imperturbável à viatura, batendo a porta delicadamente e enquanto punha o cinto explicou o seu plano:
-Eu penso que seja necessário ir ao hospital, no entanto se não quiseres…-Aconselhou ele a olhar para o rasgão que a bicicleta fizera no joelho esquerdo.
-Não quero! – Apressei-me a responder, escondendo com a mão esquerda o rasgão.
P. sorriu ao de leve e após uns segundos exclamou:
-Ok, levo-te a casa!
-Não está ninguém em casa. A minha mãe foi trabalhar.
-Bom, mas precisas desinfectar isso.
-Não tenho chaves de casa. – Menti eu sem saber o que raio dizia.
Os tremores no meu corpo continuavam e não eram devido ao choque mas á presença da mão dele sobre o meu joelho:
-Posso ver se está inchado?
-Como?
-Sou enfermeiro. Só pretendo apalpar
-Sim. – Consenti eu nervosa.
Senti o suave aperto da mão sobre a rótula, senti o polegar a mexer em círculos e senti o aftershave dele a invadir os meus sentidos. Ironia das ironias era igual ao que o meu pai sempre usava o “Chrome” da Azarro, o frasquinho azul com que eu brincava nas mãos enquanto o via a fazer a barba, naquele modo tão solene próprio de quem realiza uma tarefa importante. Inadvertidamente pousei a mão sobre a dele e gemi, mais de prazer que de dor.
Estava absolutamente descontrolada e talvez tenha sido por isso que finquei as unhas na sua mão
-Dói? – Indagou ele preocupado.
-Não…- Respondi apressadamente.
Por segundos os nossos olhos se cruzaram e estava perfeitamente à espera de tudo. Naquele preciso momento não uma criança frágil, magoada devido a um acidente parvo e encharcada pela chuva e pela queda. Ali, nesse instante eu era uma mulher assediada por um homem charmoso e capaz das maiores loucuras. Instintivamente dei-lhe um beijo ao de leve no pescoço e imediatamente me arrependi. O gesto pareceu de certa forma o ter assustado, pois sentou-se muito direito e arrancou com o carro, olhando em volta como se estivesse com receio de ter sido visto a ser beijado.
Enquanto circulávamos a pouca velocidade ia pensando no que dizer ou no que fazer. Pela segunda vez na presença de um cota não tinha qualquer reacção. Embaraçada e envergonhada pensei em pedir desculpas, em lhe explicar que foi o seu perfume que me levou aquele acto, mas em vez disso, soltei:
-Onde vamos?
-A minha casa. Já que não queres ir ao hospital, eu preciso de ver essa ferida.
-Não era necessário…
-Faço questão. Afinal estavas a sair do meu carro, logo a responsabilidade é minha.
E de repente, quando nada o fazia prever comecei a chorar, talvez devido o conjunto de incidências desse dia, talvez devido à minha insegurança ou talvez devido á minha real idade, as lágrimas rolaram-me abruptamente pela face, molhando os meus lábios de frustração e sal.
P. apercebeu-se, ligou os quatro piscas e abraçou-me sem dizer uma palavra.
Ali, naquele momento deixei de ser frágil e desprotegida. Rodeada por aqueles braços, voltei a ser mulher e sem me fazer rogada voltei a beijá-lo uma vez mais…e outra… e outra… e outra. O seu pescoço era o meu depósito de beijos  e eu estava em franca ebulição.
Surgia pela primeira vez uns tremores em todo o meu corpo, umas palpitações estranhas no meu sexo e um calor febril assaltava a minha face.

Não estranhei quanto senti a sua mão na minha perna, os dedos fincados a alisarem coxa, como se ela fosse as teclas de um piano a receberem a mestria de uns dedos ágeis e experientes. A palma da mão pousava na sua plenitude, no acorde próprio de um Andante tropo grosso, com a mão a querer subir.Instintivamente eu afastei as pernas, mostrando o caminho e dando a secreta permissão de explorar as minhas jeans, conduzindo mentalmente os hábeis dedos até ao limite de mim, permitindo que me descesse o fecho das calças mostrando aos seus dedos o efeito que ele estava a ter em mim.
Não pensava, não raciocinava, apenas deixava-me ir. Perdera a noção do espaço e do tempo e de certa forma era sua prisioneira.
Sentia a ponta dos seus dedos nas minhas calcinhas enquanto o beijava na boca. Jamais havia beijado algum homem que não o meu pai. Inclusivamente, jamais havia dado liberdades aos putos da minha turma, pois sempre os via como arrogantes e tarados, nunca fui muito de dar confianças. Não era propriamente uma Maria mete-nojo, mas nunca tivera curiosidade ou vontade de explorar esse tema.
A verdade preto no branco, era o facto de odiar que me tocassem, que sequer pensassem que podiam ter liberdades comigo no recreio ou em qualquer sítio. Não me sentia bem com o meu corpo, achava que tinha uns seios pequenos, uma boca torta e uns ombros masculinos e se eu achava isso, temia de certa forma pensar o que os outros achariam. Por vezes as minhas colegas contavam-me que tinham sido apalpadas no corredor da escola ou a caminho do ginásio e sempre via isso como algo repugnante e profundamente tarado.
Mas agora, com  a face molhada das lágrimas que ainda rolavam, com o abraço dele, com o toque das suas mãos, ágeis e seguras em mim, simplesmente estava rendida.
Os vidros embaciados eram a cobertura perfeita e pela primeira vez na minha vida não reclamei pelo rádio estar desligado. Queria concentrar todos os meus sentidos em P.
Não sabia dizer se tinha sido eu a por a mão no seu colo, ou se tinha sido ele a guiá-la, mas fosse como fosse a minha mão apertava as calças, sentindo o seu sexo sob o tecido.
Uma vez, há já algum, tempo tinha visto o meu pai nu a sair do banho. Ele julgava estar sozinho em casa e foi a única vez que tinha visto um pénis,
De súbito, ele endireitou-se no assento, ligou o rádio, acendeu um cigarro e olhando-me serenamente, constatou:
-Estamos loucos, não estamos?
-Talvez. – Concordei quase sem voz .
Sem proferir mais alguma palavra ele voltou a arrancar com o carro enquanto eu olhava para o inchaço nas suas calças, contente por o ter conseguido pôr assim.

Não me lembrava da dor, do joelho ou do que quer que fosse entretida que estava a saborear a sensação de molhar as calcinhas. O meu primeiro orgasmo!

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