quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Ai Deus


INICIAÇÃO:


Uma personagem toda de branco, com camisa de folhos, (estilo Luis XIV).Na face uma máscara sem expressão, um foco de luz, só nesta personagem.
Caminha altiva e serena, até junto da audiência , aproximando-se e revela:

Boa noite prezada audiência,
Eu sou a branca Consciência
Sou a narradora desta Demência
Desta Peça, desta indecência


- Pausa-


O meu longo e profano Dever
È ser vossa guia nesta Peça
Exprimindo o meu Parecer
Alguem teria que o fazer


Senta-se numa cadeira preta


Devo contudo poder dizer
esta noite, alguns de vocês
porventura irão morrer...


-Pausa-


...De tédio, ascoou sono
irão até sair, sem retorno.


Ri demoradamente..


Mas a história já não demora
é pois chegada a hora
do inicio da saudade
da negação desta Vontade


O amor e o coração
A dor e o Perdão
O sexo e a negação"


Acendem-se as luzes, onde atrás da Consciência, está um sujeito semi nu, com lençol a tapar o obvio, de braços estendidos, numa imaginária cruz e aos seus pés uma mulher de negro, que chora.
A consciência de sapatos em salto alto, aproxima-se como se não a vissem, e encarando a assistência, aponta para o Sujeito:

Aqui Jaz o nobre valentão 
Demente, pois então
Sem ter tido seu perdão
sem ter tido sua razão.


Foi tão triste ter nascido
foi muito triste, isto vos digo
Este pobre Homem quiz ser Deus
Mas foi castigado por olhares Ateus


Nunca teve nada, pobre diabo
era pobre e pouco prendado
Sujeito triste e mal amado
Foi engano, ter sido criado


-Vira costas á assitência-


Levanta-se a actriz e encara o Homem, beijando-o no peito, se seguida encara a assitencia:
"
Oh meu lindo e querido Bardo
Oh meu desventurado Amado
Oh meu sol, sempre ignorado
Perdi-te Meu anjo Alado
Nunca te tive, ao meu cuidado


Sacrificás-te o teu Viver
para que eu te pudesse ter
Purificas-te minha existencia
no meu regaço...Demência
Amei-te pois sem te Ter


Foste grande no que disses-te
e pouco eloquente no que fizeste
Foste um doloroso enigma
Jamais alguem o Imagina "


Ri a Consciência e aponta para a mulher, encarando a plateia:

Pobre Mulher, triste e abandonada
Julgando-se ela mal amada
Porque na cama, não era fecundada
Triste de quem tem, e não vê


Madalena rainha das sonhadoras
Criadora das ilusões, masmorras
Matou este pobre sonhador
na Rotina de quem tem Temor"


Baixa e sobe a cortina 


Ao som de sinos da igreja, O homem desce os braços, avança até á assistência, e inicia o monólogo da virtude:
"
Não me recordo de ter nascido
Apenas de com dor, ter morrido
Olhando para o passado
Não fui pois compreendido


Nasci só entre animais
seres mitológicos, Ancestrais
Julgo eu, que estou louco
Foi o que me contaram, á pouco


Nasci, mensageiro da Alegria
Portador da doce Mestria
Tudo o que eu fazia
Era a Alma que mo pedia


-Sorri Abertamente - 


DEi a todos o meu melhor
Guardei para mim, o meu pior
Se de dia era eloquente
à noite era muito Demente


-Pausa-


Ah, o Amor! Esse suave tremor
Esse caminho errante de Dor
Esse caminhar...Observador
ser do coração, portador


Entra Madalena, calada, ele aproxima-se dela e canta:
"
Oh Suave Madalena em contrição
Oh Suave corpo de Tesão
Os teus seios são uma virtude
O teu Ventre, a minha negação


Não tive de ti Criação
Não tive de ti razão
Madalena irmã arrependida
Não tive de ti, qualquer vida"


Madalena olha a Cruz imaginária, como se ele estivesse ainda lá:

Erro meu , Oh Amor
Se na cama era Terror
Se só me davas dor
Tu, que eras meu Senhor."


Volta para a posição inicial, voltando a abrir os braços, para a assistência:
"
Oh Madalena como te Amei
Carne da minha Carne
Até ao fim Chorei
Foi pecado, sermos irmãos
Se eu sempre era " Murcho"
Foi decerto devido a um Bruxo"


Entra a Consciência Zangada:
"
Não era eu o teu Bruxo
Fui sempre conselheiro
Da tua loucura, parceiro
Não tenho culpa de seres murcho


Ah fedelho, como te avisei
Ah triste, como te aconselhei
Pelas camas da vida contei,
Todo o prazer que te neguei"


Tocam de novo os Sinos, entrando duas freiras. Olharam para o Homem, e gentilmente pousam os ramos de flores aos seus pés, ignorando Madalena.
Acenam a cabeça. Fala a Primeira Freira:

Madalena, Mulher Maldita
Eras deste homem interdita
Ele viveu e aprendeu
Demente ele morreu!"


Fala a Segunda Freira, dando a mão á primeira:
"
Oremos por todos os Ignorados
Oremos pelos demais frustrados
Aniquilemos todo o mal
que o sexo é algo Irreal"


A Consciencia intervem:
"
O sexo é muito sobrevalorizado
Não é arte, dizem que é pecado
mas algo nele...é gozado...
Conduz á criação...


E se for criação , não será arte?


A primeira Freira, irritada interrompe...


-Não é arte, nem é pecado!
-E se for por tesão? -.Provoca a consciencia
-Isso não existe. È alucinação! - Freira 1
-Existe, é real, nós vemos!
-È imoralidade, Falsidão
-È natural, como a respiração
-È depravação


Grita a freira 2 :


- É TESÃOOOOO


Retoma a Freira 1
"
Cruz credo que maneiras
Vamos para o Convento
Rezar por este sofrimento
Do pobre sem intento"


-Sobe uma cruz-


Finaliza a Consciência, olhando o Homem que despareceu:
"
Ai Deus 
Pobre coitado,
Na sociedade Ignorado
Pelos Homens condenado


Quem o dera ternos salvado!!!


Seria Pecado?


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