domingo, 14 de novembro de 2010

Esquizofrénico - Capitulo 7 - parte 3


Caiu a noite pesadamente e no pequeno quarto de hospital, Ana lutava para recuperar das sequelas de ter sido atingida. Felizmente, segundo o que o médico lhe dissera, apesar de ter perdido algum sangue não era de todo grave e em breve ela poderia regressar á vida normal.
No pequeno banco de espera do Hospital Central, o progenitor de Rita recebia a noticia com aparente satisfação e fazendo questão de desejar as melhoras á amiga da sua filha abandonou taciturno as instalações hospitalares.
Os passos estreitos e meditativos conduziram-no para o exterior, onde numa aparente resignação subiu para o Jeep, fechou a porta e pela primeira vez, decidiu tomar a inciativa.
O ferimento de Ana não devia ter sucedido. As coisas de certa forma descontrolaram-se e secretamente ele não podia assegurar que Mauro o não tivesse reconhecido.
Ficou com inumeras suspeitas, aquando do passeio fantasma, mas o pior de tudo, foi o envolvimento da própria filha.
Tudo estava a rolar bem, ele que fora um dos principais mentores do projecto " Eskizofrenia" no exército. Ele que acompanhara de perto a selecção de candidatos antes da reforma...Tudo em teoria iria rolar da melhor maneira possivel. Mas hoje, cinco anos passados tudo saiu dos eixos, tudo se complicou.
O projecto era simples e uma cópia do que os USA haviam feito na guerra fria. Tomavam-se civis dispensáveis, formavam-nos e secretamente eram activados e desactivados mentalmente quando o estado maior do exército o quizesse.
Eram umas " toupeiras " na vida civil, prontas a impedir qualquer acto terrorista, sem que as forças Nacionais se envolovessem directamente.
Mas depois veio aquele médico estranho, sinistro. O projecto passou para uma alçada ainda mais secreta e ele perdeu-lhe o rasto. Curiosamente Mauro fora o ultimo a ser recrutado por ele. Já na altura ele mostrava sinais de instabilidade emocional, mas oe que ele não conseguia entender era o que ele fazia ali. justo ali, na sua casa, na presença da sua filha.
O pânico de ver outra organização envolvida, profissionais seguramente, a tentar recuperá-lo, atormentou-o e fosse como fosse, agora que sabia que ele não tinha vindo para o matar, o progenitor de Rita decidiu resolver tudo já.
A filha estava presa, tal como Mauro e a patroa dela baleada. Pior, a filha virou uma assasina profissional e ele estava cada vez mais perdido.
Resignado , pegou no Nokia e efectuou a ligação:
-Delta 6, código de activação 045897,zona segura em vinte minutos. Fim de comunicação.
-Delta 6, localização recebida e confirmada. Runner 7 a postos. Fim de transmissão.
Como manobra evasiva, o Jeep circulou diligentemente por várias artérias da cidade, sempre com a máxima atenção do condutor ao espelho retrovisor, para não ser apanhado desprevenido.
Na ultima volta ao quarteirão, abrandou diante do parque de estacionamento central, enfiando o carro pela rampa de acesso ao piso -1.
Estacionando-o devidamente, abandonou a viatura, dirigindo-se ao elevador, onde premiu o botão para o piso -3. Acariciando nervosamente a arma, que jazia expectante no coldre debaixo da axila esquerda.
Quando o piii metálico ecoou na cabine e as portas se abriram, ele dobrou á esquerda para uma porta amarela de corta-fogo. Levou a mão ao bolso, tirou umas chaves e abriu-a. Confirmou visualmente a prsença de indesejados no corredor e vendo que continuava só, entrou.
Quem não conhecesse o prédio em questão, pensaria que só existiam três pisos subterraneos, mas na verdade existia um quarto piso.
Vendo-se no piso pretendido e antes que entrasse no corredor, ele sacou a arma, preparando-a para se fosse preciso a utilizar.
Avançando pelo corredor, estacou diante da porta metalizada e colocou a sua mão sobre o visor optico.
Segundos depois a porta abria e não se fazendo rogado ele entrou:
-Folgo em o ver de volta! - retorquiu o pesado general.
-Não se engane Max. Não estou de volta.
-Então como se explica todo este seu envolvimento?
-Acidentalmente.
-Não acredito.
-É a pura verdade. esse sujeito surgiu como por artes mágicas, envolveu-se com a minha filha, e eu não podia abri o jogo com quem quer que seja.
-Coincidência, que a unica peça solta do nosso projecto, recrutada por você, vai justamente bater à sua porta.
-Pensei que me iria matar...
-Ora, sabe tão bem como eu sargento, que ele é inofensivo. Louco é certo, mas perfeitamente inofensivo!
-Eu tinha essa ideia, mas só Deus sabe o que lhe fizeram á cabeça!
O pesado general, a quem chamam de Max ( de chefe máximo), ergeu-se repentinaente e aproximando-se do Sargento,ouviu-o com atenção:
-Ele encontra-se neste momento preso. Disso podemos estar certos!
-Esse louco fugiu por duas vezes. uma delas, a ultima, de um isolamento de máxima segurança.o seu silêncio representa a sobrevivência do projecto e dos nossos postos de trabalho. Não sei o que a FIRA, essa organização russa pretende, mas a verdade é que se algo resvala para a opinião publica estamos tramados.
Bom, anda de facto tudo fora do controle por um caderno.
-É mais que isso, pelos vistos ele tem detalhadamente a organização nesse maldito caderno. Fosse num PC e os nossos peritos de informática tratavam disso, mas quem diabo se lembraria de um caderno.
O problema é que já todos estamos envolvidos.
-Exactamente. Mas se ele desaparecer ainda teremos chance.
-Ele não vai desaparecer.
-Como?
-Quem é o principal mentor do projecto?
Eu, claro. Sou o topo de hierarquia. Aliás sou eu que ainda seguro as pontas.
Percebo.
O Sargento deu dois passos, olhando de soslaio o redor e encarando o General, explicou:
-Sabe, a minha filha é tudo o que tenho neste Mundo e por razões que desconheço está enfeitiçada por esse jovem. Como fui eu que o recrutei estou certo de poder falar de alguma paternidade.
-Teoricamente falando, sim.
-Pois bem, como pai terei de por um fim nesta loucura.
Sem hesitar o sargento sacou a arma e disparou três tiros sobre o general, que colhido de surpresa tombou inerte a seus pés.
Sem perder tempo e sabendo que estava a ser vigiado por camaras, que transmitiam o sinal para a base, ele dirigiu-se á plataforma de software que detinha os discos do projecto e destruiu-a:
-Erro de base, erro de base...a reconhecer erro de base....impossivel reparação. - A voz artificial da pequena consola ia debitando os estragos.
-Podes crer, máquina infernal. Foi mesmo um erro de base este projecto.
O sargento sabia que detinha apenas de alguns minutos e por fim, abandonou o piso, correndo para o Jeep que largou a toda a velocidade.
Primeiro que a estruura militar se reorganizasse levaria o tempo suficiente para tentar salvar Mauro.
-No fundo são como formigas, pensou. Pequenas, trabalhadoras, mas inuteis perante um individuo obstinado. Foi isso que Mauro lhe ensinara recentemente.

---------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------Fim parte 3

1 comentário:

  1. À cada passo a história fica mais incrível !!!!
    Será que o pai de Rita vai conseguir salvar o Mauro ...
    Parabéns pelo seu talento !!!!
    Beijos
    Susan

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