quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Esquizofrénico Capitulo 7 - parte 4


No outro extremo da cidade Rita e Carina, usavam um método pouco ortodoxo de fuga, seguidas com relativa facilidade pelos dois homens qua as acossavam.
Chegadas ao extremo do pátio, saltaram. como antes o tinham feito, mas desta vez, ao invés de saltarem para o passeio, optaram por correr na direcção contrária, com vista a alcançarem a pequena porta de acesso ao interior do lado Sudeste da casa.
O pensamento delas era simples e linear. Se elas podiam facilmente saltar, os gorilas que as seguiam tambem podiam, ainda mais facilmente, pelo que o objectivo era sempre improvisar:
-Carina é melhor nos separarmos.
-Não acho boa ideia. É a ti que eles querem!
-Mesmo assim...
Para desespero de Rita a porta estava fechada e só houve tempo de as duas circundarem a entrada, até que Carina estacou imóvel de rosto esperançado:
-Não, eu trato disso. Miuda, corre como nunca corres-te, eu trato disto!
Rita especou por uns segundos, procurando no seu intimo algo que a demovesse, mas não consegui. Tudo o que lhe vinha á mente, era salvar o caderno, custasse o que custasse.Apesar de arrependida e amargurada, voltou costas e dobrou a esquina da entrada, em direcção ao lado onde saltara com Mauro e então, Carina fez o impensável, encostou-se á parede e enquanto via a amiga a se afastar , concentrou-se nos barulhos dos passos, e assim que o primeiro homem dobrou a esquina, ela saltou, abraçando-o e desiquilibrando-o tombou com ele pelo parapeito do pátio, em direcção á rua rua principal, indiferente aos carros que circulavam.
Como foi tudo tão rápido, o segundo homem estacou e sem reacção, assistiu aos dois corpos a cairem e a embaterem violentamente no alcatrão.
Como Carina aprendera na escola, nas aulas de quimica, o mais pesado cai primeiro, assim que enquanto caia, ela o usou como escudo, caindo em cima dele, e vendo a frente do carro que travava a toda a velocidade, ainda reservou alguma presença de espirito para saltar para o lado, no preciso momento em que o pára choques do Renault atingia violentamente o corpo ainda desmaiado do homem.
Sem pensar no seu opositor, Carina apanhou a arma dele e a coxear, encostou-se á parede a fim de evitar o raio de alcance visual do outro homem.
Este improviso de Carina, dera a Rita o tempo necessário para saltar, dobrar a esquina e desaparecer no jardim que daria ás traseiras do café onde trabalhava. Já estava perto!
Carina por seu turno só pensava em desaparecer e prontamente caminhou na direcção oposta, tentando evitar os curiosos que se aproximavam.
Sentia o seu joelho direito duro, doia-lhe as costas e deixara já de sentir o braço esquerdo.
Um taxi poderia ser a solução, mas neste momento ela já não pensava. Tudo o que queria era desaparecer rápido, fugir do outro homem e rezar para que Rita fosse bem sucedida.
Porém a poucos metros de um edificio amarelo, com doze apartamentos, ela começou a sentir-se fraca, desnorteada e desorientada e repentinamente as pernas pesavam-lhe violentamente.
Sentou-se, aguardando que fosse apenas um estado de choque, mediante a queda que tivera e quando se apercebeu que ja não raciocinava convenientemente, tombou inerte para o lado.
Entretanto Rita aproximava-se cautelosamente das traseiras do café, feliz por não ter sido seguida e a pensar no que Carina teria feito, para ela conseguir tal liberdade.
Esperava que o café estivesse vigiado, mas após uns minutos de confirmação, não viu nada de estranho e avançou.
Saltou o pequeno muro e tacteou com a mão esquerda, o beiral da porta de aluminio, até encontrar a chave de reserva que Ana sempre deixava ali. Sem perder tempo,rodou a chave lentamente, abriu a porta, e oculta pela escuridão do local, penetrou de joelhos, evitando provocar ruìdo.
Encostando-se toda á parede, foi resvalando até perto do balcão, onde se voltou a aninhar e de joehos, voltou a caminhar em direcção á caixa registadora.
Por baixo desta, abriu uma pequena gaveta de aluminio e metendo a mão, retirou a lanterna comprida, então, só então, ela suspirou e voltando-se, colocou-se de cócoras e dirigiu-se para o WC das mulheres, onde fechou a porta e acendendo a lanterna pegou no caderno:
-Então senhor estranho e louco, vamos lá ver qual a razão desta confusão toda!
Abrindo lentamente o caderno, um esgar de incredulidade assomou-lhe ao espirito.
Pelas primeiras páginas, desfilavam caracteres sem qualquer sentido. Páginas e páginas de caracteres, de simbolos e mais caracteres.
Então, pequenas lágrimas rolaram pela face conturbada de Rita, que encostada á parede do WC, amaldiçoava a hora em que fora atirada para esta aventura.
Como poderia ela mostrar tal coisa, sem pés nem cabeça a quem quer que seja? O caderno, este maldito caderno que a fizera tirar vidas e a condenara á prisão, não passava de uma amálgama de alucinações, de Fait Divers, sem a minima importância.
Respirando fundo, ela sentou-se na sanita e pensou:
-Quem poderia, no seu circulo de amigos, decifrar este enigma?
-Oh meu deus, que estou a dizer? Ainda acreito que possa ser um enigma...Louco- Raios partam o louco!
Furiosamente atirou o caderno contra a parede e aninhou-se com a cabeça entre os joelhos e pensando na Ana e na Carina.chorou violentamente.
Caia a noite pesadamente sobre a imensidão da pequena cidade e desesperada , Rita abriu os olhos. Adormecera momentaneamente mas nem assim recuperara a sua disposição.
Abanando a cabeça, ia pegar no caderno quando subitamente estacou! Diante de si, nas ultimas páginas do caderno, um retrato familiar, feito com uma precisão assustadora, a fez voltar a acreditar.
Sorrindo timidamente incideiu o foco da lanterna no desenho e esquecendo-se de toda a conduta defensiva que usara até então, pegou no caderno e abrindo a porta de rompante, caminhou tropegamente até á parede em frente á mesa onde habitualmente Mauro escrevia e apontou o foco de luz para a parede.
Um raio luminoso incidiu de um modo preciso sobre um pequeno quadr, cópia de alguma obra de arte de um pintor conhecido, já falecido e num sorriso de satisfação comparou com o desenho.
Era a imagem perfeita! Por trás da folha uma rosa dos ventos marcada coordenadas.
Rita ajustou pacientemente o caderno com o quadro, até a imagem ficar exacatamente igual e sorriu. A seta maior marcada a preto na ultima flor apontava para o lado esquerdo.
Ela descaiu a lanterna devagar até incidir o seu foco sobre a máquina de tabaco.
Num assomo de vitória, ergueu-se e esquecendo a precaução que usara dirigiu-se á máquina e arrastou-a violentamente. Atras desta, um outro caderno, envolvido num plástico, esperava pacientemente que o descobrissem:
-Mas porque ele tem a mania de códigos? 
Sorrindo pegou no embrulso, abriu o plástico e apressou-se a consultar as páginas.
Desta vez a escrita era fluente e concisa.
Rita acabava de salvar o dia!


------------------------------------------------------------------------------------------------------------Foto de: http://olhares.aeiou.pt/jaime66

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