quarta-feira, 27 de abril de 2011

Infidelius - Capitulo 2 (parte 2)


"Vertente que queima ardente
no teu forte ventre quente
brasa incandescente, divergente
no circo de nós e dessa gente." -  Mefistus


Nicolas suspirou ao relembrar o quanto o vestido escolhido a rigôr e pago com a ajuda de um Visa roubado, tornara Marlene cada vez mais encantadora.
Para além de tudo, fôra um observador atento e concentrado na abertura deixada pela cortina do provador mal fechada, onde observava atentamente Marlene, até então uma perfeita estranha para ele, a mudar de roupa e a exibir uma lingerie  encarnada, algo gasta. Reparou com especial agrado a conivência da mulher da loja, ao sorrir  de leve , ao ar de prazeroso do cliente. O Belga tinha todos os motivos para sorrir pois era espectador priveligiado de uns seios firmes, favorecidos pelo reforço do sutiã, e de umas pernas delicadas, pouco musculadas e tal como tudo o resto em Marlene, algo descuidado.
Marlene era a prêsa ideal para ele, provávelmente vivia só e notava com agrado que ela era obediente e fácil de manipular. Poupava-lhe trabalho e paciência.
A menção que ela fizera a uma entrevista de emprego constituia a prova eficaz que ele estava certo em relação ás pistas que calculara dela.
O sujeito ergueu os braços dormentes na pequena secretária, encoberto pelos estores eléctricos semi-fechados, afagou pacientemente a barba de dois dias, que lhe transmitiam um ar moderno e evitando passar a mão pelo cabelo com gel, pousou complacentemente os pés na mêsa de trabalho admirando a ponta dos sapatos de verniz, enquanto continuava a recordar o primeiro dia que conhecera Marlene, a sua companheira actual.
Como previra a entrevista corrêra muito bem e foi uma Marlene alegre e confiante aquela que surgiu diante dele, enquanto ele finalizava uma cigarrilha Café Creme Noir:
-Bom, acho que correu bastante bem.- Confidenciou ela sorrindo.
-Outra coisa não esperava mademoiselle!
Ela sorriu-lhe timidamente e consultou tranquila o relógio de pulso:
-Bem são onze horas e quarenta e cinco minutos. Creio que agora teremos de pensar onde almoçar.
-Mademoiselle, está tudo tratado. Fiz dois telefonemas. - Anunciou ele exibindo o Erikson T10
-Dois telefonemas?
-Mais oui. Para o carro e para o restaurante.
-Ah?
Ele sorriu tranquilamente e levantando uma mão, um Mercedes preto, aproximou-se. Sem lhe dar tempo para reagir, ele abriu a porta dos bancos traseiros, para que ela entrasse e confiantemente entrou de seguida batendo a porta:
-Lamento, mas não havia limousines disponíveis. - Lamentou-se ele.
-Mas...está a falar a sério?
-Bom estamos cá dentro não estamos?
Ela lançou um olhar ao motorista, que sem ter recebido instruções arrancava devagar, num rosto sério e compenetrado:
-Mas hoje está a ser um dia tão estranho...Por favor, já gastou tanto dinheiro!
-Ora, com tão charmosa companhia, não há dinheiro que importe.Como ele pensava, ela derreteu-se diante do galanteio cortês do sujeito. Nunca havia sido tratada assim em toda a sua vida. Usualmente os homens criavam nela uma ficção, uma sensação de que era a unica no Mundo e após terem sexo, evitavam os seus telefonemas e as suas visitas, acabando por perceber que mais uma vez fôra usada. Mas este sujeito deixava-a sem palavras. Ora se sentia manipulada, ora se sentia uma princesa, ora se sentia insegura, ora se sentia confiante e o pior de tudo era que ela era incapaz de pensar, de raciocinar.
Chegados ao cais da Ribeira, o motorista precipitou-se para o exterior, abrindo solenemente a porta ao casal, diante da fachada do restaurante Chez Lapin, em plena rua dos Canastreiros e sem demora Nicolas conduziu-a para o interior rústico mas acolhedor do restaurante:
-Creio que têm o melhor bacalhau assado na brasa que conheço no Porto.
-Oh, não o imaginava um bom garfo!
Nicolas sorriu e encarando-a numa expressão de falsa inquietude, murmurou:
-Na verdade sou mais adepto do Sheraton Hotel,mas temi que a ideia de Hotel pudesse criar em si uma ideia errada.
-Oh que cavalheiro. - Foi apenas o que conseguiu murmurar.
Ele dominou a conversa, sem contudo ser pormenorizado nos assuntos, como o seu tutôr Jerome lhe havia ensinado, falando dos seus projectos ligado a evento de moda, sem apresentar qualquer ideia em concreto do que havia realmente feito. Num tom de voz seguro e estudado, embalava-a com pequenos clichés em Francês e pela hora da sobremesa, sabia tudo a respeito de Marlene, ou quase tudo, uma vez que ela tivera o bom senso de excluir a menção de Marisa.
-Mas, pardon o que tem a fazer durante o dia?- Perguntou ele vivamente.
-Oh nada demais...apenas preciso de estar por casa às sete da tarde.
-Compreendo.Pois bem, eu tenho o resto da tarde livre e encantáva-me ter a sua companhia numa visita á cidade.
-Mas creio não ser boa companhia.
-Pelo contrário Mademoiselle. Irei apreciar a sua companhia e o carro está já alugado.
-Muito bem, então está combinado.
Nicolas que se mantinha sentado no escritório fazendo horas, descalçou ao de leve um dos sapatos e coçou o dedo grande do pé esquerdo com a ponta do outro sapato. Em breve estaria com Marisa e essa era a melhor parte do dia. Marlene sempre o satisfazia na cama, mas era a ideia de poder ter as duas que o deixava completamente extasiado. Secretamente esejava um dia ter as duas na mesma cama, mas sabia que por mais influência que tivesse tal jamais aconteceria, mas a esperança era a ultima coisa a morrer. Recordou com bom grado que se Marlene fosse bem seduzida era um boneco nas suas mãos, riu a bom rir, quando recordou o momento, em que á ida de carro para a deixar em casa,lhe passou a mão pelo vestido, sentino o peito debaixo do cetim.
Aproximando a boca ao seu ouvido, suplicou:
-Seria abuso da minha parte observar o seu sutiã?
-Agora? - Questionou ela assustada.
-Exacto, afinal estamos sozinhos.
-Mas o motorista?
-Oh é profissinal. Não há problema!
-Bom não sei...
-Mademoiselle, não me interprete mal, não é todo um pagamento da sua parte pela estupenda companhia que me fez esta tarde. É apenas um pedido de um louco. - Nicolas esforçava-se por manter o sorriso contagiante.
Ela não respondeu, limitando-se a encostar-se às costas do assento, enquanto muito lentamente, levava as mãos atras do vestido, descendo o fecho.
Ele percebeu o sinal e com toda a elegância e calma deste mundo, baixou o vestido e sorriu de prazer ao ver o sutiã encarnado surgir radiante.
os dedos da mão esquerda passeavam na textura do sutia, sentindo os mamilos endurecerem sob o seu tacto:
-Perfeitos, Marlene.
-Flácidos...- Desculpou-se ela envergonhada.
Nicolas soltou-os da armadura encarnada, beijando-os ao de leve, com Marlene atenta ao retrovisor como para se certificar que o motorista não observava. Claro que o gajo está a ver!
Fosse como fosse, ela estava ao cuidado dele e neste preciso momentgo não conseguia reagir, como nunca conseguia com ele.
Mas para espanto seu ele parou, tapou os seios com a mão e sorrindo-lhe segredou:
-Uma senhora não deve mostrar ao mordomo ou motorista mais que ele possa imaginar!
-Entendo, mas...
-Creio que seremos bons amigos.
-Sim...- Respondeu ela atarantada a apertar o vestido.
-Venho buscá-la amanhã á noite?
-Como?
-Para jantar...
-Bem, não sei...não sei!
-Tome o meu cartão e ligue-me, quero a ver de novo amanhã.
-Muito bem.
Há medida que o carro se afastava, no sei interior Nicolas sorriu. Tudo o que havia feito foi uma tentativa de comprovar até que ponto Marlene o seguia.
Deliciado, sabia que ela estava no papo.
No escritório Nicolas guardou a máquina fotográfica no bolso, calçou o sapato e confirmando as horas, saiu confiante.


2 comentários:

  1. Obrigado Rogério por fomentar o meu gosto pela leitura!
    Nunca tive paciência para ler, mas estou a achar este conto fabuloso! Parabéns pelo excelente trabalho!

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  2. Muitissimo Obrigado pela tua leitura atenta Bruno e acredita que é sempre um prazer ter-te por aqui...

    Afinal lêr pode ser um imenso prazer!

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