quinta-feira, 21 de abril de 2011

Um dia..(O último)


A noite caiu pesadamente, sem avisar, madrugada dentro, quando ele chegou do bar, como sempre chegava á sexta-feira. A cheirar a perfume feminino, baton no colarinho e de rosto vago, a cantar.
Sempre era assim nesses 4 anos de casados.
Ela, aguardava sempre, os maus tratos que a bebedeira lhe causava, em nome de uma aparencia, nesta triste demência.
Mas agora seria diferente.Estava farta de ser saco de pancada.
Conhecera Vasco, há um mês, que a tratava como rainha, que compreendia o que dizia. Ele sim, era um companheiro, com ele não se sentia escrava, ou saco de pancada. Com ele não tremia, com medo que voz dele subisse. Com ele era feliz.
Só havia o defeito, de ele a querer, 24 horas a viver perto dela.
Pois bem pensou, isso é facil de resolver!
Não sabendo como lhe dizer, não sabendo como o fazer, estudava a rima, o querer...E logo ele entrou a bater, sem querer ouvir, sem perceber que ela mudara.
E espancara, e batia, e esmurrava e injuriava.

Do quarto acabou na cozinha, voz tremida, rosto desfeito, ao décimo soco não pensou.Mão na faca, faca na barriga:
-Uma, duas, três...e golpeava, e metia e tirava e golpeava
Sangue, gemidos, gritos,faca, navalha, dor

Os Vizinhos na porta, a policia a entrar e ela a pensar
-8 facadas é crime?Meu Deus...oito??
-A senhora é culpada...Dizia a autoridade
-Não sou culpada, era casada...sim, mereço castigo.
-Está resolvido!
-Que morra o canalha!

Sexta-Feira Santa, e Vasco em fato vestido, de rosa na mão, esperando o veredicto, o perdão!!






1 comentário:

  1. Infelizmente assim acontece muitas vezes...a realidade crua e dura...Não se pode considerar um "crime" mas sim a lei da sobrevivência ;)

    Muito bom :)

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