domingo, 23 de outubro de 2011

Infidelius - Parte II - Capitulo 3 (8)


Uma máscara só é util
se a soubermos usar
Um sentimento só é inutil
Qiuando nos pomos a divagar.

Hugo F.Gonçalves


Polidamente deixou cair o vestido aos seus pés, e sem sorrir baixou as calcinhas e deitou-se de pernas abertas na marquesa de frente para o sujeito.
Por momentos pensou que o rapaz negro perdesse a sua compostura profissional e a tomasse ali, sem qualquer hesitação, sem qualquer perdão.
Fosse como fosse, mais cedo ou mais tarde, durante o seu dia de aniversário, que hoje se realiza, ela iria ser tomada pelo pénis perfeito de Nicolas, pelo que lhe era indiferente se "The Black Pearl", o tatuador tambem a penetrasse.
Há medida que sentia a picada do tatuador na sua pele branca, Marisa dava por si a relembrar as tardes de sexo com Caio. Dera-lhe tudo o que podia ter dado, recebera-o no seu ventre, na sua boca, nos seus seios. Montara-o de todas as maneiras possíveis, recebera-o várias vezes no seu anus, numa prova de obediência e entrega. Enfim, fôra a sua puta de serviço, estreara-o nos prazeres da carne, aplicando os conhecimentos teóricos que aprendera no visionamento de filmes porno com Nicolas.
Marisa sorriu diante do top ten dos seus momentos sexuais com Caio. Que estava ela a dizer? Quem fez o que ela fez, com aquele que ama, não pode ser puta. Agora que pensava nisso, descobria que com Caio nunca tinha sido uma entrega, mas sim uma partilha.
Claro, pensou ela com agrado, a sentir os dedos excitados do tatuador sobre a sua vagina húmida, se com Caio havia partilha, então não era a pua dele, mas de Nicolas,
Subitamente, para quem tivesse a presenciar a cena do eterior, o seu rosto ficou sério e recordou as investidas do seu padrasto no seu corpo.
tal como o tatuador que abusava agora dele, Nicolas mostrava por ela exactamente o mesmo respeito. Nenhum!
Com uma lágrima a escorrer-lhe ela percebeu como sempre havia sido ludibriada.
Ela que prometera a si mesmo uma nova Marisa, uma nova personalidade, muito mais vincada e que metesse respeito, afinal debaixo do verniz mal retocado, continuava a mesma e a Marisa de sempre.
Reparou com agrado que a musica ambiente era da sua diva, Aguilera e como uma chapada dada a sangue frio, apercebeu-se então que nada do que até então tinha sucedido nesse dia era vontade dela, mas delírio de Nicolas.
No fundo ele estava a portar-se hoje, como sempre se portou. Estava a vivêr as fantasias dele, mascarando-as como se fossem dela. Sempre o eterno jogo!
Ele estava-se nas tintas para ela, era o seu brinquedo, o seu cano de escape que lhe permitia a ele vivêr todas as loucuras que só uma rapariga fraca como ela lhe poderia proporcionar.
 Uma vez mais havia sido ludibriada em todo o seu explêndor, pelo excêntrico Nicolas. Reparava agora, visivelmente irritada, que havia sido enganada. Falsamente canalizara a sua fúria para o desparacimento de Caio, atribuindo-lhe a responsabilidade dos seus actos, mas era perfeitamente o inverso. Caio era a prova de que ela poderia ainda ser feliz.
Merda, afinal ela amava-o. Amava-o desde o início, apaixonara-se pelo seu rosto sisudo e s´´erio,pelo su sorriso aberto, pelo seu peito espadaúdo. Acima de tdo apaixonara-se pela inocência dele em tudo o que lhe dizia respeito. Com um esgar de surpresa, compreendeu enfim o inexplicável...Caio, no alto do seu Ser, amava-a pelo que ela era, pelo que ela representava para ele e nunca pelo prazer que ela lhe dava. Ela não era a sua puta, ela era no fundo  mulher da sua vida.
A ausência de evidência....Sendo ela a mulher da vida de Caio, este nunca deixaria de aparecer de livre e espontânea vontade. Caio não era um traste e se realmente mudara de planos, seria o primeiro a tomar um passo e aparecer diante dela a justifcar-se. Sim, Caio nunca deixaria de aparecer ao encontro.
De repente o seu instinto feminino acordou, enviando SMS ao seu cérebro, com a palavra "Perigo". Nunca confiara em demasia nesse seu instinto, uma vez que como fora repetidamente molestada, deixara de se sentir feminina, mas agora deitada nua da cinta para baixo, na marquesa de um tatuador que se deliciava a observar-lhe a rata enquanto a tentava tatuar, Marisa acordou de todos os seus delírios. Que diabos, ela era mulher e ser mulher é ser dona de um conjunto de poderes e ferramentas, inalcansável e impercebível ao sexo masculino. Ser mulher é poder raciocinar em vista a um onjectivo concreto e não dispersar-se em pensamentos infantis. Como se a aparelhagem tivesse vida, ela julgou ouvir " Acorda Marisa, Luta".
Não, ela não iria conspurcar o seu corpo, o templo de Caio, com uma grotesca imagem sem nexo de um golfinho, instintivamente levou a mão ao pulso do tatuador:
-Espera, não quero mais essa merda de Golfinho. Quero mudar a tatuagem!
-Mas dona, não pode mudar...
-Posso e vou mudar. Sabes Black, o corpo é meu. Mas fica tranquilo, a mudança é benéfica. Como sempre deveriam ser as mudanças.
-Ok , a dona manda!
-Optimo. E conserva esses dedos na caneta tatuadora, se não queres levar um pontapé nos queixos!
Nervosamente o sujeito sorriu e deliciada ela deu as instruções, indiferente ao tempo de espera que dava a Nicolas, que a aguardava no carro, preparando-se psicológicamente para se submeter ao sacrifício de novas picadelas.
E então, enquanto segurava os gemidos de dor, na sua pequena mente, deu por si, qual aranha artífice a tecer as mais diversas considerações sobre o não surgimento de Caio nesse dia.
Só eles sabiam do plano, podia perfeitamente, contudo, aceitar que Guilherme tambem o saberia. Imaginando que este não abrisse a boca a ninguem, e aceitando de livre vontade, que Caio nada confessá-se em casa, então a unica pessoa do mundo, que podia saber algo, seria a unica pessoa que poderia juntar as pontas. Fôra a ele que Marisa contara a quem vendera a Vespa. Seria fácil pois para Nicolas aceitar que se ela vendeu algo a um colega de escola, então era porque de alguma forma, ela falava habitualmente com ele. Logo sem saber, Marisa acabara de dar a Nicolas uma pista da existência de Caio.
Posto isto, pensou ela com azedume, se Nicolas suspeitasse de algo, bastaria aceder ao numero de contribuinte de Caio, impresso nos documentos de venda da viatura e saberia exactamente onde ele mora. Certo, pensou entre dentes, então se ela fosse mais longe nas suas divagações, então teria forçosamente de analisar os dias anteriores. Que acontecera a Nicolas nos dias anteriores à suposta fuga?
-Merda, ele saiu no domingo de manhã! - disse assustada.
-Quê?- perguntou Black de súbito.
-Foda-se...não acredito!
-Calma, está a ficar como pediu. - Respondeu ele confuso.
-Acaba essa merda, tenho de sair.
-Mas dona, não está acabado ainda, ainda preciso de uns minutos.
-Não quero saber.
-Então minha, eu sou um artista, tu és a minha obra de arte.
A menção dele à palavra obra de arte enervou-a ainda mais.:
-Pois, mas sabes Black, estou cansada de ser obra de arte de toda a gente...
Marisa sentia-se de subito enjoada e pior que tudo, enojada de si. Traíra a confiança da sua mãe, hoje havia disputado com ela o homem davida dela e porquê? Para a magoar? Não, para se magoar a ela mesma. Nicolas era sujo, trapaceiro e intriguitsa, pior que tudo o resto, uma merda de um pedófilo, tarado e manipulador. Isso ela sabia perfeitamente, mas e se Nicolas fosse algo mais. E se no fundo, a sua loucura o levasse a cometêr o pior dos crimes?
Com surpresa, apercebeu-se então que Nicolas era um outro tipo de homem, ainda mais perigoso, ainda mais intenso do que ela e Marlene, a sua mãe, podiam calcular.
Se ele abusava dela, diante dos olhos da sua progenitora; Se ele cometia atrocidades sem mudar a sua fisionomia ou sem se arrepender, o que o impedia de tentar magoar Caio?
Ele sabia onde ele morava, sabia que mota ele tinha, sabia como o apanhar e se ele soubesse, por qualquer motivo dos planos de fuga.
Marisa sentiu os pelos no pescoço a eriçarem-se e então pela primeira vez na sua vida sentiu-se em perigo.
Como pudera ser tão infantil? Como pudera se colocar assim, nas mãos de um louco?
Queria reagir agora, levantar-se e fugir. Correr muito, s até à casa de Caio. Precisava de saber se ele estava bem. O coração no seu peito corria já loucamente, sentia as batidas em todo o seu corpo, sentia as veias na sua testa a latejarem de adrenalina, mas irónicamente o seu corpo não se mexia.
Respirou profundamente,e tentou se acalmar. Se Nicolas tinha de facto algo com isso, e se ele suspeitasse que ela desconfiava de algo, só Deus sabia o que ele podia lhe fazer.
Rapidamente percebeu que tudo deixara de ser um jogo. O jogo acabou desde que ele a tocou a primeira vez. Agora já não era um jogo, era um atentado contra ela.
Se Nicolas suspeitasse....De subito recordou-se do ar dele quando ela mencionou que o Amor tinha morrido.
-Meu Deus, ele esteve com Caio. Oh, meu Deus!
-Que passadona, fumas-te algo ou assim? - inquiriu Black desconcertadamente.
Num instinto de sobrevivência procurou uma porta de saída ou outra forma de desaparecer dali sem deixar rasto. Fugir dele podia ser a solução....Não, se ele soubesse que ela tinha fugido, ele saberia para onde ela iria e seria muito pior.
Rezando baixinho para que nada tivesse sucedido a Caio, ela só viu uma saída possível, a unica saída que lhe restava. Enfrentar uma vez mais Nicolas e desta vez, apesar de não ter a sua navalha, seria mais subtil, seria mais mortal. Alinharia no seu jogo, faria o seu papel, até o apanhar seguro de si e convencido que uma vez mais ele ganhara, mas desta vez ela estava furiosa, terrivelmente furiosa, e uma mulher furiosa....

Em breve a  vida voltaria a ser sua!

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