quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Esquizofrénico - Capitulo 2 - Parte 2




A tarde surgiu trazendo com ela, um jovem calmo e atencioso. Em passos seguros entrou no café, e sem sorrir, sentou-se calmamente na usual mesa , evitando o olhar incisivo da dona do café, murmurou o pedido de um café e de costas muito diretias, bebeu de um trago o liquido castanho, limpando demoradamente a boca ao guardanapo de papel, enquanto os seus olhos se detinham atentos para lá da janela do estabelecimento.
O sol voltava em força, em pequenos espasmos, por entre as nuvens que desfilavam incertas, e no exterior todas as pessoas pareciam autómatos, circulando, gingando, falando, em suma, preocupadas com elas.
Ele contudo permanecia calado, apático e terrivelmente triste. Claro que as suas feições passavam despercebidas á dona do café, que sempre que ele chegava, esforçava-se por se manter ocupada e ignorá-lo. 
Havia qualquer coisa naquele sujeito de fato azul desalinhado e gasto que a irritava profundamente e ela odiava estar irritada.
Contudo, assim que as quinze horas chegaram, Rita surgiu para assumir o seu turno de trabalho e como já vinha um pouco atrasada, correu directa aos vestiários, trocando a camisa branca, pela farda do café.
Não demorou muito tempo e quando surgiu no pequeno corredor, deteve-se uns segundos analisando o jovem, a quem a chefe intitulava de " case- Study".
Pela primeira vez, ela via-o absorto, de olhar contemplativo e verdadeiramente interessado no que a janela mostrava.
De passos seguros, caminhou até ao balcão e tendo o cuidado de baixar a voz, inquiriu:
-Chefe, qual foi a bronca?
-Bronca?
-Com ele. Está quieto, calmo e a olhar pela janela. não era suposto estar a escrever no caderno?
-Agora que falas nisso, não o vi a limpar a mesa e bebeu um café de chávena normal sem reclamara.
-Verdade?
-Está sem pasta.
O olhar das duas jovens estacaram no jovem, estudando-o. Habitualmente ele limpava a mesa, vinha de mala castanha e pedia o café numa chávena que trazia. E agora, mantinha-se impávido e sereno, evitando o olhar das jovens.
Rita sorriu ao de leve e piscando o olho á chefe, tomou a iniciativa:
-Vou encarar a fera.
-Estás certa de que é uma boa ideia?
-Com ele, nunca tenho a certeza de nada. Mas ele não está bem e eu não fico tranquila se não falar com ele.
O tom de voz sincero da voz dela, surpreendeu a chefe, que surpresa pela reação, calou-se e optou por se refugiar na cozinha.
-Boa tarde.
-Boa tarde.
-Já tomou café?
-Não me lembro...acho que sim.- O seu tom de voz era apático e sinistramente baixo.
Rita endireitou o pescoço e olhou-o profundamente:
-Sente-se bem?
-Tantas perguntas...oh pare, estou doente!
-Desculpe. Só perguntei porque não o vi a escrever.
-Escrever?
-Sim, no caderno preto.
Por uns segundos o jovem fitou apreensivamente o rosto inquiridor da jovem e encolhendo os ombros, retorquiu:
-Não sei escrever. Nunca soube. Agora deixe-me.
Sem saber o que pensar a jovem retirou-se atónita para trás do balcão e sem conseguir colocar as ideias em ordem disparou para a chefe:
-Ok, isto foi muito estranho. A menos que o coitado tenha um irmão gémeo exactamente igual, não sei o quie se passou agora.
-Ele está confuso?
-Não. Diferente, bastante diferente em poucas horas. 
-Não haja duvida que é um cromo estranho.
-Não sei, nunca o vi assim. Tenho receio.
A chefe atirou o pano que trazia sob o ombro para o balcão e ripostou:
-Rita, ouve-me bem. não sei o teu interesse por aquela criatura, mas não sigas esse caminho. Ele é doido, sabe deus os problemas que tem. Não precisas dele.
-tem razão chefe. Eu não preciso dele, mas estou convencida que ele precisa de mim. Não v~e como ele está a sofrer?
-Não vás por ai. nada sabes dele. cdeixa o mundo girar. não tentes salvar o mundo. È uma guerra que não podes vencer.
-Não se trata de ser samaritana. Mas há algo nele que me fascina verdadeiramente.
à superiora hierárquica, encolheu os ombros acenasndo negativamente a cabeça e num desabafo, sentenciou:
-Cuidado miuda, aquele traste cheira-me a sarilhos. Se te atrai, foge. Homens não prestam. Mesmo os loucos.
Ela sorriu ao de leve e ganhando coragem, retorquiu:
-Os homens são o diabo, dizdem. Mas todas as mulheres procuram um diabo que as carregue. 
-Seja. A vida é tua, mas aviso-te que vais sofrer.
decidida a jovem, saiu do balcão e tentou uma vez m ais:
-Não o vejo de pasta. Está de férias?
-Sim. férias....Isso, é isso que eu estou.
-Trabalha onde?
pela primeira vez , o jovem exibiu um sorriso confiante e vasculhando os bolsos tirou um cartão de visita, amarrotado do bolso:
-Gaspar & Gaspar , Lda. Uma firma de import/ Export.
-Isso é bom.
Parecia á jopvem que o sujeito já estava mais relaxado e menos confuso.
-Posso ser curiosa?
-não sei. curiosa como?
-Que funções ocupa lá?
O sujeito ia sorrir, quando olhou repentinamente pela janela e assustando-se com algo que vira, levantou-se e pálidamen te, saiu a correr, deixando a jovem especada.


---------------------- Fim capitulo 2

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