quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Crime ...disse ele - FINAL


Após ter abandonado o local onde se encontrara com Julien, Ávila ficou a remoer na descrição que o detective lhe fizera e relembrando meticulosamente o processo que entregara ao detective, resolveu ele também se dirigir ao local que Julien relatara.
Sentira Julien mais nervoso e apreensivo que o habitual e sabia que se ele perdia a cabeça agora, não tinha como o livrar da polícia.
Esse sempre fora o grande problema de Julien. Fervia em pouco sangue e rapidamente perdia o discernimento, sendo capaz de praticar o mais hediondo crime, em nome de uma justiça cega.
Quando o aviso mandato de captura surgiu no rádio, Ávila suspirou fundo e acelerou na direcção da pequena localidade.

À hora esperada o Crysler de Matrícula espanhola estacionou suavemente perto do palheiro e sem perder tempo o padre debruçou-se sobre a sua prisioneira, beijando-a ao de leve ante a repulsa desta.
-Tudo está a acabar minha pobre menina. Irás seguir o teu caminho e assim salvarei esta comunidade do teu corpo de pecado.
-Por favor, padre Anselmo. Deixe-me ir para casa. Eu não direi a ninguem.
-Lamento minha filha, mas esse não é o desígnio de Deus!
-Por favor padre…
-Estou a ver que fiz mal em te soltar a boca. Mas eu resolverei isso!
Com a jovem já silenciada o padre abriu a porta do palheiro para o espanhol e assim que o vulto surgiu e cumprimentou:
-Mesmo na hora H. Trate bem desta pecadora!
-O pecador aqui é você, Padre Anselmo.
Um esgar de incredulidade estampou-se no rosto enrugado do padre ante a visão de Julien de arma em punho:
-Mas que faz?
-Justiça, meu caro.
-Eu não estou sozinho.
-Lamento dizê-lo, mas está sim. O seu cumplice já está com Deus.
-Como pode fazer isso?
-Exactamente o que lhe ia perguntar padre!
Desesperado o padre atirou-se para cima de Julien desiquilibrando-o momentaneamente e vendo-o baralhado, sacou a sua arma e apontou-a ao detective:
-Eu não queria nada disto, apenas zelo pelos meus fieis.
-Não o devia fazer.
-Deus sabe que não sou mal intencionado!
Perante o ar de suplica do padre Julien riu, e secamente alertou:
-Sabe meu caro agente de bem não devia usar uma arma. No seu caso então é loucura.Que Deus tenha piedade de si.
Sacando rapidamente a segunda arma que sempre trazia no tornozelo esquerdo, Julien disparou atingindo o padre, ante o olhar atónito da jovem.
Rapidamente soltou-a , guardou a sua arma predilecta e a outra colocou-na na mão do padre.
Num gesto felino, pontapeou a parte traseira do palheiro:
-Consegues saltar?
-Sim… – Retorquiu a jovem a medo
-Vamos, temos pouco tempo.
Em minutos os dois correram para o campo de milho perto e como uma bussola, Julien guiou-a pelo manto verde, até alcançar o seu carro.
-Sabes para onde tens de ir agora?
Para casa?
-Ainda não.
-Então?
-A tua irmã está à porta da igreja, vai ter com ela e espera as autoridades. Não me viste, não sabes quem sou. sais-te pelo teu pé. ok?
Sim. – Respondeu a jovem nervosamente.
Assim que ela se afastou, julien despiu sem lágrimas vivas por desperdiçar um fato armani, regou o carro com gasolina e vestindo um fato macaco, ateou fogo ao carro, fugindo em sentido contrário.
Quando as sirenes da polícia ecoaram na freguesia, já Julien fugia numa mota roubada.
Durante alguns dias, a polícia tentaria descobrir o que realmente havia passado.
Os inquéritos à jovem foram desastrosos, pois a mesma escudou-se na desculpa de estado de choque, dada pelo seu psiquiatra e alegava que nada se recordava.
Vendo que não estavam a rumar a lado algum, o comandante optou por seguir a pista espanhola, jurando que mais dia menos dia, Julien seria apanhado.

Três dias depois, em Paris, Julien recebia o pagamento restante da irmã por intermédio de Ávila bem como um bilhete que apenas dizia ” O meu mais sincero obrigado. O café que me recomendou é optimo. Já sou cliente das sextas-feiras, onde por volta das onze tocam boa musica”
Julien sorriu e semanas depois, depois da poeira assentar, foi ao café Paris, onde tomou dois cafés com ela, e lhe contou partes da Saga.

1 comentário:

  1. final interessante...
    obvio k o padre ia ser castigado
    e Julien, faria bem o seu dever ;)

    mais um conto, escrito de forma inteligente e cativante!!!

    sempre bom te ler!

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