terça-feira, 17 de maio de 2011

Infidelius - Capitulo 4 (parte 4)



"Por vezes fico farta de mim,
Abandonando-me ao meu fado
A um abraço forçado.
Ignorando a dôr sem fim" - Marisa Vernstein

Indiferente à saída anunciada dos dois do seu quarto, Marisa Vernsteinpermaneceu deitada de costas, com a máquina no regaço e o olhar fixo num ponto imaginário do tecto branco.
Estava prestes a completar dezoito anos de idade e no entanto, sentia-se tão vazia e deprimida como nunca estivera.
Ela era especialista em sentir-se deprimida. Quase podia em fazer disso carreira, pois de algum modo nunca fôra verdadeiramente feliz.
Felicidade? Como podia ela sentir na pele esse termo vago, se quando surgiam planos , quando parecia por fim que alguma alegria ia surgir no seu Mundo, algo acontecia de errado?
Nunca fôra própriamente uma rapariga de dramas, do género das que se auto mutilam, pois era merdosa demais para isso e não sabia como Nicolas reagiria ao vêr que ela se cortava.
Lembrava-se da vez em que comprou uma navalha de mola, daquelas metalizadas com um botão prático. Jurava a pés juntos que ao completar 16 anos, cortaria os pulsos na banheira e livrar-se-ia de todo o seu sufôco.
Mas depressa compreendeu que isso não era solução. Ela podia não amar a vida que tinha, mas que diabo, sempre tinha dois dedos de testa para perceber que isso não adiantava muito.
Assim, limitava-se a trazer a navalha no bolso das jeans, just in case precisar de se defênder ou aterrorizar alguem na escola.
Lembrava-se igualmente do período em que se sentia fraca e vítima de todos os ataques na primeira escola onde andou e jurou a si mesma, que jamais voltaria a ser a bobo da côrte.
Sorrindo ao de leve enquanto permanecia deitada, Marisa constatava agora que era exímia a quebrar as suas próprias promessas.
Estava tão farta e acreditar que um dia podia ser igual a tantas outras, que irónicamente adoptara uma atitude cínica em relação a si.
Tinha no entanto uma vantagem que a impedia de cometêr grandes loucuras. Se frente ao espelho nua, ela detestava o que via, ficava admirada quando Nicolas a beijava, a tocava, a penetrava com os dedos ao de leve.
Ficava admirada em percebêr que lhe provocava erecção e perfeitamente ansiosa quando ele explodia sob o seu corpo.
Isso de inicio atormentava-a, pois nunca Nicolas tivera sexo com penetração com ela, felizmente parecia ser uma das suas regras de ouro, mas ao invés, parecia ter um gozo enorme a cobrir-lhe várias partes do corpo de sémen.
Em segredo, ela comparava o seu corpo com o da mãe e apesar da diferença de idades, continuava sem entender o que Nicolas via nela.
Por vezes dava-se conta destes pensamentos e censurava-se em silêncio, mas que podia ela fazer. Tinha tantas duvidas sobre tantas coisas e desde que Nicolas entrara na sua vida, que de certo modo, sentia a mãe inacessível.
Não só perdêra uma confidente, como se submetia aos delírios de um homem com idade para ser seu pai e que na verdade representava esse papel...ou não.Qual era o verdadeiro papel dele na sua vida?
No inicio Nicolas era o seu verdadeiro amigo e confidente e ela estava feliz em ter alguem do sexo masculino com quem desabafar e tentgar assim entender um pouco os putos da escola.
Mas depois ela descobriu que Nicolas queria mais, queria tudo, queria-a ter sempre disponível. Tal como a mãe, o crápula queria as duas.
Os homens são tão complicados!
Caio tambem a desiludiu, mas este fôra diferente.Este tivera o condão de a deixar de rastos, implorando que voltasse, que regressa-se e a salvasse. Se a Nicolas foi forçada a entregar-se, a Caio rendera-se por completo, dando-lhe tudo.
Submeteu-se por completo àquele corpo musculado, entregou-se sem roupa ao seu colo hirtoe foi tomada violentamente, enquanto permanecia sentada sobre ele.
Gostava de o ter feito sofrêr um pouco mais, de o mantêr à espera de comandar o acto sexual, mas ao invés do que planeara, foi ela a ser manipulada, penetrada e tomda em sangue sobre o seu colo.
Dizem que a primeira vez fica marcada, se isso fôr verdade, pensou então fui marcada como uma peça de gado. A ferro em brasa!
Parecia-lhe que Caio era gentil e meigo e inexperiente e no entante ele assumiu a condução da situação, chegando lá sozinhoem três estocadas firmes, apoderou-se dela, rasgando-a.
Merda, como fui tão fácil!
Marisa não podia esquecêr e apagar da memória Nicolas, pois tal era impossível dada a convivência diária, mas iria apagar os vestigios de Caio na sua mente.
Decidida sorriu, levantou-se e foi ate à cozinha onde se sentiu amargurada ao vêr Nicolas abraçado à mãe. Aposto que estás duro, tarado!
Ia só beber água, mas ao vêr o ar de felicidade dos dois, desistiu e resolveu "dar nas vistas" interrompendo o momento.
Enquanto vasculhava o frígorifico de forma a se demorar um pouco mais, sentiu o olhar de Nicolas em si, provavelmente a micar-me o rabo, pensou.
Estava tão deprimida que dava tudo por uma boa zanga e ostensivamente pegou numa embalagem de leite chocolatado, esperando a reacção rotineira da mãe e lançando farpas para uma briga.
Depois de enfiar cuidadosamente a palhinha no pacote, voltou-se ao de leve procurando os olhos de Nicolas ....Gostas quando uso a boca, não gostas? - Pensou
Voltou costas e dirigiu-se ao quarto . Não iria ter briga infelizmente. Não percebera porque a mãe não continuou a sua dissertação interminável sobre as horas da refeição e tal...
Mas apostava que Nicolas a seguiria com o pretexto de ser paladino das boas maneiras e de ela não ter sido correcta nos comentários que fizera à mãe. Demasiado previsível, só a mãe não se apercebe. Tapada!
Dois minutos depois Nicolas entrou no seu quarto. Por imposição dele, ela estava proíbida de fechar a porta do quarto à chave. Aliás, desde que ele chegara áquela casa que nenhuma porta podia ser fechada à chave, excepto como é óbvio a da rua.
Mesmo a do Wc não podia ser fechada, o que lhe dava o argumento de a poder ver pela frincha da porta no banho, sempre que pretendia, bem como a visitá-la de noite, sempre que quizesse.
Na altura era para ela, algo perfeitamente inintelígivel e mesmo intimidatório, pois não só se sentia constantemente observada, como usada em "raides" nocturnos.
Por vezes, durante a noite ouvia os gemidos entrecortados com suspiros da mãe e dedicava a eles especial atenção. Alguns minutos depois de deixar de ouvir, sentia-o a rodar a maçaneta da porta e mantinha-se silênciosa, oferecendo o seu corpo ao seu extase, fingindo estar a dormir.
Hoje em dia era-lhe indiferente e nem se resguardava atrás da cortina. Chegara à verídica conclusão que ele a poderia ter e ver sempre que quizesse e qu após a ter visto nua várias vezes, não valia a pena esconder-se.
Nicolas sentou-se  no mesmo lugar que anteriormente usara e para espanto dela, reparou que ele não fechara totalmente a porta. O louco está a arriscar demais!
Colocando-lhe a mão na perna, Nicolas proferiu,num tom de voz extremamente amargo:
-Marisa, tenho reparado que andas diferente estas duas ultimas semanas!
-Não, eu,,,
-Deixa-me falar, por favor!
Ela concordou, espantada:
-Estás prestes a fazer 18 anos, a chamada maioridade e eu sinto que de alguma forma a minha presença te magoa.
-Não. Está enganado, senhor. - Testou ela.
-Por favor, trata-me por tu.
Merda, está a fazer teatro. Porquê? Estará a minha mãe a ouvir?
-Oh sim desculpa!- gemeu ela, lhando a frincha da porta.
-Olha eu não pretendo ser um pêso para ti. Eu sei que nem sempre fui o pai ideal, ou se preferires o companheiro ideal, mas sabes que me preocupo contigo.
-Sim, eu sei.
-É por isso que vim aqui, para te dizer que agora que vais entrar na maioridade não irei continuar o nosso jogo.
Por uns segundos ela ficou estática, gelada como a mármore, sem qaualquer reacção, depois a custo tentou raciocinar: ela não pode estar a ouvir, não pode ser teatro , ele não se arriscaria...
-O jogo? - perguntou a medo
-Sim, as nossas brincadeiras! - A mão aberta sobre a perna, deu-lhe um apalpão leve.
-Entendo. - Concordou a custo.
-Sabes, acho que foi isso que nos afastou.
Como socos imaginários atirados contra a sua cabeça ela não sabia o que dizer ou pensar:
-Sim...Realmente foi.
-Como calculei. Mas sabes Marisa, tu és de facto uma miuda especial, com personalidade e que se preocupa com os outros. Tu és unica.
-Sim, mas....
-Eu sei que na escola não te compreendem, mas por vezes só precisamos de uma pessoa que nos entenda e nos interprete como realmente somos.
Os olhos dele brilhavam....Estava a chorar? Não, não podia ser possível!
-E Marisa, por vezes começamos a partilhar o mundo dessa pessoa, como amigos ou confidentes que nos sentimos atraídos, numa certa altura...
Ela ouvia e pensava em caio:
-Sim, eu entendo....
-Foi o que me sucedeu contigo e agora percebo que não pode continuar.
Ela levantou-se abruptamente e tentou afastar-se dele. Na verdade ela desejava fugir, sair a correr, não acreditando que tambem ele se preparava para a "largar" da sua vida:
mas que estava ela a dizêr? Ela odiava-o....Não o odiava?
-Bem sei que por vezes abusei da tua confiança, usurpei da tua boa vontade e inocência...
Meu Deus ele vai contar tudo!
-Posso me sentar aí? - perguntou apontando com o queixo para o colo dele.
-Talvez fosse melhor não. Sabes eu ainda sou homem...
Sem o querer deixar falar demais, ela saltou para o seu colo abrindo as pernas e convidando a sua mão a pousar nelas:
- Nicolas, eu não me importo de nada que tivesses feito. Vamos mudar de assunto. -Implorou
A maõ dele não se mexeu e num ar de enfado retorquiu:
-Não, não vamos mudar de assunto. Já somos crescidinhos...Eu estou a pensar contar tdo à Marlene.
Mêses atrás ela teria sorrido ou talvez batesse palmas, mas agora ela estava em pânico. Jamais a mãe a perdoaria de lhe ter estragado uma relação. A unica que ela conhecera nos seus quase 18 anos.Nunca mais poderia olhar para a mãe com vergonha. Respirando fundo, aproximou-se do ouvido dele e avisou:
-Se o fizeres, eu mato-te!
Com alguma surpresa, Nicolas sentiu uma lâmina a encostar-lhe á garganta:
-Mas ma petit fille...
-Guarda o teu Francês. Isto é entre nós e só entre nós.
Sem se preocupar com a porta aberta, ela beijou-o rapidamente na boca e levantando-se guardou a navalha.
Respirando fundo e vendo surgir uma sombra junto à porta, Nicolas rodeou o assunto:
-Muito bem, então para celebrarmos uma nova Era, um novo recomeço eu recomendo que amanhã, estejas pronta ás 8 da matina. Partiremos à aventura até às 8 da noite, onde viremos aqui jantar. Que dizes?
-Parece-me bem. Vai ser divertido.
Acabada de chegar ao outro lado da porta, Marlene ouviu os preparativos e sorriu.
Em pensamento rasgado agradeceu. Obrigado Nicolas, por seres o Homem com H grande que és!

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