quarta-feira, 8 de junho de 2011

FADO, FADADO E NÃO CANTADO



Trago um fado arquitectado,
na minha alma trabalhado
na minha voz já embargado
como se o cantar fosse pecado!

Trago uma melodia activa e serena
feita de cacos de memória amena
um fado poetado ou só cantado
de um corpo gasto e cansado.

Trago em mim um fado imaculado
nunca antes por mim já cantado
em guitarra muda, ensaiado
meditando na letra, com cuidado

Era um fado de imensas memórias
De amores perdidos, outras história
de sexo, morte e vida, suas glórias
De tragédias e vidas inglórias.

Liricas de servil e nobre pranto
em rostos imaculados de espanto
Ah, este fado que eu não canto.
Qual tributo generoso, a um Santo

Era um fado fadado das vielas
velhaco, entranhado nas goelas
deste Bardo, sempre amaldiçoado
por outros tido como pecado

Sentir o peso do dias que chovem
Como gotas de prata no meu rosário
Sentir a amargura do sal, chorem!
Este fado será um dia, meu Obituário.


2 comentários:

  1. Faço deste comentário o mensageiro do gosto que tive em ler pelo menos 5 poemas e dizer, que são realmente estupendas construções poéticas.
    Parabéns.

    ResponderEliminar
  2. Muito grato pela sua apreciação!
    Espero que retorne a este cantinho de rabiscos e continue a gostar do que por aqui vou escrevendo.

    Um bem haja :)

    ResponderEliminar