segunda-feira, 25 de julho de 2011

Infidelius - Capitulo 9 (parte 3)



"Antes, quando fomos nós e deixamos de ser sós entre as pedras
e os nós que a garganta nos prendia...
Havia um mundo de gargalhadas por descobrir
em águas frescas e intocáveis...
Éramos cursos indomáveis em leitos feitos de quereres intensos..." - Inês Dunas
O Ninho das garças
http://librisscriptaest.blogspot.com/2011/05/os-ninhos-das-garcas.html



Sofia chegou a casa com nauseas e vontade de apenas tomar um banho, um longo banho e deitar-se, deixar-se perdêr na almofada e secar finalmente as lágrimas que lhe escorriam entre tiques nervosos, que lhe assolavam aos olhos.
Não sabia como tudo tinha acontecido e não percebia sequer ao certo o que tinha acontecido.
Habituara-se nestes anos a nunca confiar em homem algum, mas na verdade não via Nicolas como um homem.
Ou seja, é certo que era ele era um homem, mas para ela era muito mais que apenas um homem. Era um patrão de confiança, uma pessoa que lhe trouxera alguma disponibilidade financeira à sua vida e simultaneamente alguem inofensivo para ela, mas que tinha enorme importância no passado recente dela.
Além do mais nunca vira em Nicolas outra coisa senão o patrão, casado e com uma filha. No mais ele sempre se mostrara atencioso, ponderado e nunca, mas mesmo nunca dera a entender que um dia este final pudesse suceder.
Sofia rodou lentamente a pesada fechadura de segurança do seu T1 onde vivia com a mãe. Teria que uma vez mais ser forte e esquecer-se dela mesmo, uma vez mais. O banho e a sensação de enjoo teria de esperar.
Atirou as chaves para cima da mesa de cozinha e foi directa até ao quarto da mãe , onde invariávelmente assumiu a personagem de médica de serviço.
No fundo, a sua vida era feita de personagens! Sofia dona-de-casa,Sofia enfermeira, Sofia empregada de escritório...Por segundos voltou-lhe à memória o duro membro de Nicolas a rasgá-la violnetamente, sacudiu a cabeça como se pretendesse atirar da mente dela o pensamento que a assolava e selecionou demoradamente os comprimidos para a mãe.
Não precisava deesconder a face da mãe, pois ela nunca percebia o que se passava, mas mesmo assim não se sentia bem a estar com ela enquanto chorava.
Inevitávelmente não copnseguia apagar os sons, e as cenas que se iam catapultando na mente. Por mais que abanasse a cabeça, por mais que se tentasse concentrar, o seu corpo avisava-a que tambem ele não esquecia.
Como era possível que uma pessoa que nunca mostrou nada por ela, que nunca lhe dirigiu nem um sorriso rasgado de repente a atacasse? Sim, porque o que ela sofreu foi um ataque puro. Não adiantava pôr paninhos quentes e fingir que nada havia se passado. Ela havia sido violada e que realmente fizera ela para impedir?
Nada. Absolutamente nada! limitara-se a assumir que ia sofrer um castigo e no momento em que parecia ter forças para o contrariar, ele sacou aquela tirada da mãe e isso arrumou.a.
Não, de forma alguma ela tava a colocar culpas na mãe. As culpas eram dela, sentia-se suja e usada, mas na verdade é que gozou duas vezes. Como pode alguem ter prazer assim?
Enquanto atirava ma mão de massa para dentro da panela de água a fervêr, Sofia meditou um pouco no que acabava de pensar. Resumindo, ela tinha gozado. É certo que não tinha sido um momento unico, é certo tambem que se sentiu humilhada naquela sala, mas a verdade é que Nicolas havia sido o unico homem que a tocara.
Sofia pensou com terror no que lhe vinha à mente e num acesso de furia, zangou-se com ela mesma, como podia ela ir por aí?
Ele abusara dela, ele a violara e ela tinha duas hipóteses quato aisso: Ou deixava de ir trabalhar e apresentaria queixa contra Nicolas, ou agiria como se nada se tivesse passado, pelo menos durante este fim de semana.
De subito ela sorriu bem alto, como se estivesse a fazer pouco do ke havia pensado. Qu estava ela a sonhar? Com um pedido de desculpas e um bouquet de flores?
Acenou a cabeça negativamente. Nunca Nicolas deixaria a mulher para ir com ela, sobretudo tendo ela a mãe como travão. Não, aquilo foi algo que lhe deu, ele resolveu o assunto e já está, nem vai mais querer saber dela.
Mas se ela o acusasse e por qualquer razão nada desse certo, que era o mais certo, pois duvidaria que a polícia acreditasse nela, então ele iria destruir-lhe a vida.
Ponto um, precisava daquele emprego e do dinheiro dele. Por mais honrada que fosse, a mãe era uma despesa enorme e cada vez havia menos escadarias para limpar. mesmo que se despedisse, nada lhe garantia que o patrão seguinte fosse melhor, ou que tivesse sequer um emprego.
Ponto dois, mesmo que para nicolas aquilo tivesse sido um episódio, duvidava que ele o repetisse. pelo que seria um segredo de ambos.
Depois de servido o jantar no tabuleiro e ter depositado no colo da mãe, Sofia sentou-se na mesa de cozinha e chorou de raiva.
Teria sido tudo muito mais fácil se Nicolas lhe tivesse apenas pedido. Ela de bom grado se deitaria com ele!
Mas ele escolheu o caminho errado, ele tratou-a como uma puta ou um boneco de plástico e isso teria de ser tratado.
Os homens são incapazes de perceber uma mulher!
Concluiu enquanto se despia e caminhava para o chuveiro!
 Sob a água corrente, ensaboou-se lentamente, criando espessas camadas de gel de banho nos seios, no pescoço , nas pernas, entre as pernas e esfregou e esfregou, como se pretendesse tirar da pele, todos os cheiros e toques deste Mundo, dedicando especial atenção às zonas onde ele tocara.
Bom, nessa tarde Nicolas chegara ao escritório a assobiar e como habitualmente passara por ela sem dizer o que quer que seja, sem proferir qualquer palavra ou um sorriso.
Mas ela podia vêr que ele estava contente.
De subito a meio da tarde, cometeu aquele erro estupido e por qualquer razão, já aí ele estava algo alterado...Mas que se podia ter passado entretanto?
Ela não lhe havia passado chamadas, não tivera qualquer reunião. Aliás todos os dias naquele horário, ele isolava-se.
Porquê? Que poderia ele fazer ali nesse horário? Um arrepio de frio lhe percorreu o corpo ensaboado, e se ela não fosse a unica a ser violada por ele? E se ele tivesse mais alguem que a mulher desconhecesse?
Passou abundantemente os jactos de água cuspidos pelo chuveirono corpo e saiu à pressa do banho.
Se um dia ela tivesse que voltar a enfrentar a furia de Nicolas, teria de sabêr o que se passava naquele horário, concluiu decidida.
Só brincam comigo uma vez!, retorquiu diante da sua imagem reflectida no espelho. Tinha um plano e iria tentar cumpri-lo!


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