terça-feira, 25 de outubro de 2011

Infidelius - Parte II - Capitulo 7




Houve um dia em que fomos o beijo húmido de um orvalho proibido... Entre todas as madrugadas amanhecemos os dias com promessas entrelaçadas em sonhos roubados ao tempo...

Inês Dunas: A Queda dos anjos
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Ao olhar pelo canto do olho direito para a rigidez e desconforto com que ela entrarara na viatura, ele sentira-se de subito vazio.
O dia do seu aniversário havia sido meticulosamente imaginado e preparado com todo o rigôr que a ocasião merecia.Sem olhar a despesas, Nicolas optara por dar-lhe tudo o que considerava, na sua opinião, importantíssimo e precisossímo para que ela pudesse esquecer tudo o resto e concentrar-se apenas nele.
Oferecera-lhe um pequeno-almoço digno de uma raínha, sumetera-a às delícias de uma massagista que por ironia tomara diante da sua pupila num sexo intenso e levara-a até ao melhor tatuador da cidade, convencido que tal acto de rebeldia a iria entusiasmar.
Mas lentamente, durante esse mesmo dia, começara a aperceber-se que efectivamente nada seria como antes. Sentia um certo desconforto gradualmente a crescêr dentro dele, um mar de revolta a subir.
De certa forma, temia no seu íntimo, que a sua preciosa tivesse efectivamente sido conspurcada por Caio e que mesmo que esse pobre diabo tenha desaparecido, o simples facto de ela não saber da sua morte, tornava-o sempre vivo e presente no meio dos dois.
InequestionávelmenteNicolas começara a perceber a real percepção desse dia. Um dia em que ele era um estranho e aquela infeliz ao seu lado, já não era a sua doce Marisa.
Costtuma-se dizer que um pai não se apercebe do momento exacto em que um filho deixa de ser a sua criança, para se tornar num adulto. Mas na verdade, ele que nunca havia sido pai verdadeiro de Marisa, nem se auto-intitulava como tal, acabava agora de constatar que irónicamente, a sua "amante" lolita, já não era lolita e difícilmente poderia ser sua amante.
Claro que até esse momento tudo havia corrido de acordo com o seu plano, mas à medida que o tempo escorria, como areia fina pelos seus dedos, constatava que Marisa apenas e tão só, estava a tentar ser agradável. Era ele quem estava a vivêr uma fantasia, não ela!
Até esse momento, dera tudo o que pudera, esperando recebêr em troca no minímo um pouco de agradecimento, esperando talvez que ela o pudesse ver, não como padrasto pedófilo, mas como um homem, um verdadeiro homeme que estava louco por ela.
Mas, ao fim destas horas todas, ela não mostrava o mínimo sinal de gratidão.
Pelo contrário, pensou ele com visível desagrado, ela mantinha-se alheada da sua presença, como se em vez de ter sido tatuada, lhe tivessem feito uma limpeza ao cérebro:
-Não me mostras-te a tatuagem. - Inquiriu ele disposto a quebrar o gelo.
-A seu tempo verás! - Respondeu num tom neutro.
-Não gostas-te do gajo?
Ela sorriu cinícamente, evitando-o olhar de frente:
-Não sabia que era suposto prová-lo! - Respondeu sem pensar.
Ele riu, num sorriso forçado, disposto a não revelar os seus receios:
-Bem, dizem que os negros são bem abastados...
-Quero lá saber!
O tom cortante da sua voz demoveu-o de tentar criar um ambiente saudável entre os dois e calando-se, amaldiçoou-se pelo carácter inconstante da jovem
Talvez ela tivesse algum problema clínico! Talvez ela sofresse de dupla personalidade ou alguma dessas doenças do foro psiquiátrico.
Lentamente ficou a saborear a ideia. Bom, concluiu, se ela realemente tivesse algum problema psiquiátrico, jamais lhe poderiam imputar a ele qualquer culpa mpelo seu comportamento desviante.
Não que ele receaase ser confrontado por alguem sobre o seu relacionamento com Marisa, mas era sempre bom ter um plano B.
Era precisamente a construção de um plano B que ocupava a mente de Marisa, pois dera-se conta, nessa ultima conta de que havia julgado mal a ausência de Caio e percebera que, qual marioneta, estava a ser conduzindo seu dia tão especial, pelos sonhos e vontades de Nicolas, como sempre havia sido até aí.
Uma marioneta nas mãos do mestre do encantamento, nas garras de um perfeito sedutor, que mesmo depois de o conhecer bem, ainda caía nos seus planos ardilosos.
Nicolas, o homem que desde cedo a tomara como sua propriedade, afugentando hábilmente os seus amigos, e pior que tudo, afastando-a do seu verdadeiro amor.
E uma vez mais, ela deixara.se ir na corrente, sem sequer se perguntar porque Caio não apareceu!
A verdade é que apesar do que Nicolas pudesse pensar, ela era de Caio e apenas de Caio. è certo que já estivera nas garras do seu padrasto no passado, é certo que já fôra tocada, apalpada, beijada por ele, mas tudo isso pertencia ao passado, embora que recente e Caio soubera e até ele a perdoara.
Então, quando já tudo parecia encaixar nos devidos lugares, qunando ela munindo-se de coragem o enfrentara, como tinha uma vez mais caído?
Que magia nêgra tem este homem sobre mim?Interrogou-se, ignorando o olhar sério que ele lhe deitava.
Tudo o que quer é foder-me e mesmo que Caio realmente tenha desistido de mim, assim que Nicolas tiver o culminar do seu sonho, quando todo o seu membro erecto largar a prova da sua excitação no meu ventre, então...Tambem ele desistirá de mim! Deixarei de ser o seu trabalho, para ser mais um troféu na prateleira das inocentes.
No fundo, tudo se resume à partilha, concluiu com desagrado, ela dera-lhe prazer em broxes e masturbações nocturnas e ele dera-lhe dor de alma e noites mal dormidas.
Porquê continuar a farsa?
Além do mais, ela já o vira em acção e concluiu que se a sua mãe gostasse de ser penetrada consecutivamente como se uma locomotiva a invadisse repetidamente, então que fizesse bom proveito, pois com Caio era bem diferente. E no fundo, ela acreditava que quando se ama alguem, o sexo é diferente e Nicolas não a amava nem amava a sua mãe. O que ele amava era o sentimento de posse sobre elas.
Com um esgar de terror percebeu imediatamente onde estava. Não conhecia a fachada do hotel, mas era obvio o que Nicolas queria!
Se ela não tivesse ido à tatuagem, se eles tivessem ido directos para ali, talvez a esta hora Nicolas estivesse a contemplar o seu corpo jovem manchado do sémen dele, mas a verdade é que por qualquer razão ela havia mudado de ideias e a grande questão era como contar a Nicolas.
Tinha de continuar a entretê-l, pois não podia mostrar que era em Caio que pensava e tinha de ser rápida.
Nicolas já o olhava indeciso, como se procurasse dentro dele a melhor forma de dizer: agora vamos fuder.
Ela podia já imaginar o seu membro a ganhar forma sob as calças, ela percebia o seu olhar de desejo, centrado nos seus seios.No fundo ela era como uma jovem oferecida a um sacrifício, para apaziguar o grande vulcão que destruiria tudo, a menos que lhe fosse entregue em sacrifício uma virgem. O unico problema, pensou a contra-gosto, é qaue ela já não era virgem e em breve Nicolas o saberia:
-Ultima etapa da viagem de hoje, com direito a jantar no quarto. Que te parece?
Era agora o momento chave, que poderia ela responder?
-Sim. Vamos...
-Espera, faltam uns detalhes.
-Detalhes?
-Oui. Quando estivermos no guichet da recepção, trata-me por pai e pergunta várias vezes se a mãe irá demorar, dàcord?
-Sim, como achares melhor!
Um arrepio gelado percorreu a espinha dorsal de Nicolas. Esperava uma piada sarcástica, qualquer comentário incestuoso, qualquer reacção, mnos aquilo e rápidamente ele ficou nervoso e assustado.
Saiu do carro, após ela sair, trancando a viatura através do fecho centralizado das portas e seguiu-a expectante.Pelo menos, o susto fizera o seu membro recolher até uma posição confortável e assumindo um sorriso ensaiado entrou no Hotel atrás da jovem.
Em breve, aquele corpo agil e rectilínio, estaria debiaco do seu. Muito em breve e pela primeira vez, estaria nua, aberta para si e seria então finalmente tomada em todo o seu explendôr:
-Boa tarde, creio que têm uma reserva em nome de Maurice Chantier e Marisa?
-Sim, boa tarde. Efectivamente temos. Precisarei da sua identificação.
-Bien sur!
Estupefacta , Marisa viu o padrasto entregar um Bilhete de Identidade falso, com um nome estranho e a entregar o dela. Como ele podia têr um B.I. em nome de outrém?
A custo dominou as suas duvidas e cumpriu nesses cinco minutos o papel que lhe era destinado. Perguntou pela mãe, chamou-o de pai e seguiu-o pelo corredor em direcção ao elevador, entrando atrás dele na suite.
Sem reagir às elevadas dimensões do quarto, encostou-se à parede e evitando o seu olhar sussurrou:
-E agora?
-Calma, temos todo o tempo do mundo para nós!
-E a mãe?
-É o teu dia, não penses nela.
-Mas mesmo assim...
A ironia da situação tornava o culminar de um dia especial, num anedotário regional. Depois de tanta preparação, depois de tantos anos à espera desta oportunidade, o desconforto que subitamente começava a sentir, não acalmara e percebia que tudo o que queria era "despachar" a tarefa de uma vez por todas.
Tinha mesmo de ser, pensou ele enquanto se entretinha a observá-la a despir-se. Ela quer ela vai ter....A pequena puta vai finalmente gemer como uma cab...Mon Dieu, como estou alterado!
Pelo canto do olho, ela observou-o imóvel e não lhe escapou o ar de desalento que subitamente ele lhe deitou.
O seu riso de criança apagou-se subitamente e voltou-se revelando o seu corpo nu:
-Que se passa Nicolas?
-Porque estás a agir assim?
-A despir-me para ti?
-Sim.
-Como porquê? Não é isso que queres?
Parecendo indeciso o belga avançou até ela beijando-a, abrindo-lhe ligeiramente as pernas, com a mão direita de forma a se encostar o mais possivel.
-Sabes o que realmente quero?
-Calculo que sim. - Respondeu ela a sorrir timidamente.
-As provas!
-O quê?
-Tu sabes, quero os videos que dizes ter de nós.
Baralhada com a abordagem , completamente desnorteada com a reacção de Nicolas, afastou-se um pouco, sempre olhando-o de frente:
-Para que queres isso agora?
-Porque já és maior de idade e o passado deixa de fazer sentido.
A revelação caiu como uma bomba no seu cérebro. Era no fundo a confirmação dos seus medos, das suas suspeitas. Agora que atingira a maioridade, Marisa deixara de ser o brinquedo proibido de Nicolas. Agora ela era apenas uma mulher, uma das muitas que haviam cruzado a sua vida. Uma das muitas, que muito provavelmente ele usara e seduzira. Ao confidenciar-lhe que estava disposto a esquecer o passado, Nicolas afirmava com todas as letras, que a pouco menos de duas horas para a meia noite, ela deixara de ser cinderela, para se tornar em nada...
Então, inexplicávelmente e ao invés de se ajoelhar e chorar( procedimento em si bastante habitual), dirigiu a sua visão para a jarra, a doce e cândida jarra em cima da mesa , que apoiava um livrinho de boas vindas com uma brochura do Hotel e sem pensar, soltando a raiva imensa acomulada dentro de si, atirou-a a Nicolas,com  o uso de toda a extensão do seu músculo do braço direito.
Nicolas tinha inumeras vantagens, tinha igualmente inumeros dotes, mas a agilidade não constava no seu curriculo e sem reagir, recebeu o impacto na testa , que o projectou para o chão, caindo ao som de cacos de falsa porcelana.
Nua, a segurar o choro, Marisa observou-o e tentou raciocinar.
Tinha uns minutos para mudar a sua vida!

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