No malvado denso mundo castrado,
outro futuro foi agora renegado
no advir dos sentidos perdido
por tudo o mais ignorado!
Caminho em sombras de carvão
onde a luz não tem autorização
para sempre fui ali banido
desde logo meu cogito perde razão
malévico este meu penar
fazer de tudo o meu azar
perder a capacidade de amar
sou um ser a naufragar.
Sou alma que chora e não ri
sou eremita que tudo vi
dormem as deusas no sepulcro
em sonhos de fino veludo.
Qual Ícaro quiz voar
fazer de tudo o meu lar
a má sorte ignorar
no monte das virgens sonhar
Escuta agora o que te digo
lamento se não sou mais preciso
sempre fui homem sem ciso
antes pobre que mendigo.
Não te peço o coração
não te desperto a tesão
Não abracei a tentação
não te dei nunca razão.
em dois passos tão curtos
caminho entre seres mudos
equidistante de ti, de nós
vou perdendo a imensa voz.
Destilo bafo de cachaça
pelas vielas da esperança
foi agora finda a nossa graça
que o nosso amor já não a alcança.
Devolvo todos os espólios de guerra
no fim de tão sorumbática batalha
entrego-me rendido à terra
faço do meu coração mortalha!
Que se cerre o santo Sepulcro!
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