Pintei o quatro na imensidão paralela,
acreditei na vida como aguarela
cheia de cor, tons e imagens focadas
ignorei avisos, sentenças dadas
Chafurdei no pasmo de meus dias
Incontáveis momentos pardacentos
Não existir é sobretudo não viver
Não viver é somente não correr.
A vida acontecia para lá da janela
para onde olhava de esguelha
Aguardava a vida da centelha
Como na caverna de Platão, falsa viela.
Na contagem final do devir
Já não conseguia mais sorrir
o meu canto não era mais meu
Na crença como falso Ateu.
Já não há melodias de Orfeu
Já não cantam os anjos do descrédito
O passado já foi, morreu
Nada fiz que tenha mérito.
Nessa Imensidão paralela
O futuro já não verei à janela
Sobrará sempre o sorriso da Velha
No espaço vazio de mim.
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