domingo, 25 de outubro de 2015

A Saga de Arkhan - Pretorius - Capítulo 20



Todos os castigos trazem um pecado antigo,
o meu agarrou-se às minhas pernas, 
morde-as, beija-as, arranha-as numa caricia prepotente...

Inês Dunas : A Fábula da Bela adormecida e da Cobra
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O CASTIGO


No castelo, Braddus acabava de ser informado que tanto o Mosteiral Gambinnus como o príncipe tinham simplesmente desaparecido, com a agravante de Gambinnus ter deixado os seus aposentos imaculadamente limpos, como desde o momento em que chegar e que havia inclusivamente deixado a sua pequena mala, com os seus haveres cuidadosamente dobrados e arrumados no quarto. Contudo os papeis e todo o seu suposto trabalho tinha desaparecido com ele. Claro que poderiam haver várias interpretações para esse facto, mas se mesmo após a busca exaustiva dos seus soldados nada havia surgido, nem o Mosteiral fora visto ,Braddus tivera outro ataque de fúria. Calculava agora que tinha albergado um traidor e um crápula mentiroso. A Gambinnus lhe dera um tecto e o livre acesso a todos os documentos imperiais e só os deuses poderiam saber o que a estouvada da imperatriz possa ter dito a tal reles traidor. Mas o que realmente estava a torturar o imperador devia-se tão somente à assumpção por parte do Mosteiral de que o imperador não daria pelo engodo da carta. Acaso acharia ele que o imperador não seria conhecedor da caligrafia e do modo de escrita do seu conselheiro? Não sabia, nem podia de facto saber o motivo pelo qual Gambinnus espiara o seu império, nem tão pouco a mando de quem estava, mas fosse como fosse, haveria de o encontrar e haveria de o torturar, até a última gota de sangue verter do seu corpo tísico de doninha estouvada.
Paralelamente o desaparecimento do príncipe na mesma altura, era demasiado estranho aos olhos de Braddus para ser só coincidência. pouco a pouco, bocados pequenos e aparentemente sem relevância se juntavam e formavam um pesadelo cada vez mais difícil de gerir. Sem grande margem de manobra que lhe permitisse equilibrar as coisas o imperador ia cada vez mais ganhando a consciência que era o fim do seu sonho. Ah, pensava ele a ferver em fúria, como ele podia ter logo resolvido o assunto! Como todo este imbróglio poderia facilmente ter sido evitado. Se ao menos ele não fosse tão prepotente! Concluiu enquanto se recordava da zanga com o jovem príncipe....Porque se alterara ele daquela maneira? Claro, - concluiu ele com um brilho especial nos olhos- Por sugestão do Mosteiral! O velhaco, essa serpente maldita tinha-o baralhado e levado a cometer erros atrás de erros e agora fugia, levando o seu sonho com ele.
Braddus respirou fundo após a entrada do jovem soldado a anunciar a presença da imperatriz e da aia e assegurou-se que lhe tinham entregue tudo o que pedira para essa noite. Pelo menos, agora o imperador não tinha o veneno de Gambinnus sobre si. Tudo o que tinha a fazer, concluiu ele pausadamente para si mesmo, seria manter o sangue frio, deixar falar a razão e tudo correria pelo melhor.
A imperatriz e a aia entraram quase ao mesmo tempo, tendo contudo Maleena o cuidado de não olhar o seu esposo nos olhos, remoída pela vergonha que estouvadamente o fizera passar. A aia era contudo um ser assustado, não percebendo o porquê da sua presença em assuntos tão íntimos do casal imperial, mas como manda o protocolo, não abriu a boca, nem tão pouco mostrar estranhar a sua convocatória.
O imperador mirava-as como quem olha um desfile,calado e paciente e no entanto os seus pequenos gestos mostravam alguma revolta e até um pouco de ódio. Pacientemente Maleena passou por ele, de coifa bem apertada ao seu cabelo dourado e de vestido azul imaculadamente vestido. Braddus reparou que mesmo os sapatos usados pela imperatriz, eram da colecção privada da imperatriz, trabalhados à mão com o melhor couro de Bohren e que ela só os  usava em cerimónia.
Sem avançar qualquer palavra aguardou que o lacaio se retirasse e fechasse a porta, para então esclarecer:
-Agrada-me a vossa pontualidade imperatriz Maleena e creio estar ao corrente do assunto que mereceu esta informal convocatória?
-Efectivamente estou ciente do assunto, majestade. - Respondeu a imperatriz assustada com o discurso formal e seco de Braddus.
-Durante anos confiei em vós, para que juntos pudéssemos erguer este império. Para que juntos, criássemos Orgutt e dominássemos Arkhan.
-Sim, majestade.- Os olhos de Maleena começavam a marejar.
-Dei-vos o melhor de mim! Companhia nas noites frias, conquistas memoráveis e ajudei-vos no vosso sonho de ser mãe!
-Com certeza, majestade.
-É certo que nem tudo foram facilidades e tivemos os nossos momentos mais...difíceis. Mas mesmo nesses momentos cuidei que  contaria com sua dedicação e sapiência do meu lado.
-Certo, majestade. - A imperatriz estranhava desta vez não vêr posses teatrais e concluiu que Braddus pela primeira vez em muitos anos, falava do coração.
O imperador ergueu-se tomando o chão da sala como ponte entre duas margens tão distintas, olhou-as de frente e no mesmo tom de voz grave,  continuou :
-Mas esse, minha cara companheira não foi o seu único erro. Só os nossos bons Deuses sabem o quanto me suplicou que albergasse no seio do nosso império, dentro do nosso castelo, da nossa fortaleza um...um...homem das artes e da ciência, creio que foi esse o termo avançado por si. Afinal, -Bradou o imperador elevando a voz-alberguei um traidor, que outra coisa não fez senão recolher dados de nós e de Orgutt.
-Meu senhor, não sei do que falais...
-Gambinnus, esse falso Mosteiral sumiu, levando com ele sabe-se lá que informação.
A imperatriz começou a sentir-se deveras incomodada:
-Majestade eu...
-Bem como Julius! Que me podeis dizer sobre isso?
Ela fitou-o admirada, pois desconhecia também a ausência do príncipe:
-Mas não lhe atribuirei qualquer culpa nisso. Vamos chamar-lhe apenas de erro. Quanto ao resto...
Os olhos flamejantes de fúria renascida pousaram na figura da aia:
-Vós! Vós sois culpada.
A aia gemeu prontamente de terror:
-Majestade...
-Calai-vos. Enquanto aia da imperatriz posso aceitar que tenhais segredos dela e só dela, mas neste caso concreto, não me ter contado, considero isso de traição.
A aia apertou instintivamente as mãos, esperando a intervenção da imperatriz, sua senhora:
-Basta! - Gritou a imperatriz - Se há aqui alguém culpada serei eu. Não ela. É sobre mim que devem recair as consequências!
Braddus mirou-a por alguns segundos, reconhecendo na figura instantes antes frágil, a veia autoritária que lhe reconhecia:
-Guardas! - Bradou o imperador.
-Majestade. - Respondeu o guarda de bigode abrindo a porta de rompante.
-Estais dispensados da vossa tarefa. Não necessitarei dos vossos serviços. Ordeno-vos que abandonais a ala.
Os dois homens trocaram um olhar comprometedor e rapidamente abandonaram o local.
- A meu ver, - recomeçou ele sarcasticamente- têm duas soluções e será a imperatriz a decidir, uma vez que não temos Concelho. A aia é acusada, será castigada e o assunto fica resolvido, ou vós - avançou ele olhando a imperatriz-assumis por inteiro a culpa, não me restando outro meio senão punir-vos exemplarmente na praça central e ordenando posteriormente a vossa prisão.
A imperatriz acenou negativamente a cabeça:
-Não creio, majestade que ireis proceder desse modo. É também a vossa reputação que está em jogo. - Ameaçou ela tentando equilibrar as forças.
-Minha cara consorte, solicito-vos que abandoneis esse mundo de fadas onde viveis. Não haveis percebido que já não me resta reputação? Vós, Brunnus e o mimado do vosso filho a mataram aos poucos! Nada mais tenho a perder.
A figura com um ligeiro excesso de peso do imperador ergueu-se abruptamente , apoiando vigorosamente a palma das mãos na mesa ao centro da sala, diante das duas convidadas e simplesmente soltou uma gargalhada insana só recomeçando a divulgar o seu pensamento, quando se recuperou:
-Sabeis o que é irónico? Sempre cuidei, sobretudo nos meus piores pesadelos que a queda deste império seria acompanhada de uma derrota monumental, cercado por vários inimigos que derrubariam a ferro e fogo cada pedra desta torra e cada vestígio deste imponente castelo. Nunca, nem nos meus sonhos mais estranhos imaginei que quatro figuras tristes; uma puta, uma aprendiz, um tosco monge e uma criança em corpo de homem fossem os causadores do meu caos. 
A imperatriz considerou interromper e defender a sua honra, mas após segundos de hesitação absteve-se de enervar ainda mais o imperador:
-Majestade, eu sou merecedora do vosso castigo! Rogo-vos que poupais a senhora. - Interrompeu a aia Sallete colocando-se de joelhos numa súplica fervorosa.
-Claro que sois! - Berrou o imperador já de cabeça perdida.
O imperador contornou a mesa num passo decidido, prostrando-se diante da jovem e sem emitir qualquer som, esbofeteou-a duas vezes, fazendo-a perder o equilíbrio das duas vezes:
-Mereceis este castigo? - Indagou num tom de voz autoritário:
-Sim majestade. - Respondeu a jovem aguentando o ardor da face.
Rapidamente ele repetiu a operação , embora aumentando a intensidade e de novo a aia aguentou, embora tenha acusado a dor num gemido:
-Mereceis este castigo?
-Completamente majestade! - Exclamou a jovem não aguentando a queda de duas lágrimas.
-Parai, por favor!-Implorou a imperatriz com voz embargada.
-Não. Como ela o admitiu, tem de ser castigada.
-Mas tem o direito a saber o castigo! Não podeis agredi-la só por capricho!
Braddus  voltou a sorrir e elucidou em voz grossa e autoritária:
-Posso tudo e não sois vós a estabelecer os meus limites!- Ele agarrava no cabelo da jovem, forçando-a a olhar nos seus olhos:
-Rogo-vos clemência. Ela nada fez!
O imperador olhou de um modo desafiador para a sua companheira e demoradamente, como para ter a certeza que ela via, abriu a boca da aia, desapertou a fivela das calças justas, revelando pénis hirto e meteu-o devagar dentro da boca da aia que não ofereceu reacção.
De início Maleena soltou um gemido de surpresa, mas depressa o imperador interveio:
-Não a haveis ensinado com Brunnus?
-Oh  majestade, esses termos não,,,
-Calai-vos! Muita sorte tendes em não vos prender! Aproximai-vos.
A aia esforçava-se por dar prazer, sentindo o sexo do seu imperador a crescer entre os seus lábios. Não se atrevia sequer a abrandar ou a desviar o olhar, pois percebera que definitivamente seria moeda de troca de alguma clemência para com a imperatriz:
-Despi-vos! - Ordenava o imperador a Maleena louco de desejo.
Sabendo-se derrotada num jogo que nunca poderia ter ganho ela obedeceu, e conhecedora do gosto de Braddus colocou-se de quatro.
O imperador aguardou que a aia a imitasse e vendou os olhos às duas. Elas ouviram a roupa a cair, os passos incertos do sujeito, mas não podiam o podiam ver a calçar a luva pesada, a dirigir-se à lareira e a servir-se do ferro em brasa solicitado ao ferreiro do império:
-Cara imperatriz como receio que o vosso erro possa ser repetido, procederei de igual modo para com os ladrões de cavalos, deixarei a minha marca.
Num riso franco, louco e aberto o imperador colocou o ferro na nádega esquerda da imperatriz , que tolhida de surpresa e diante da dor soltou um grito estridente que ecoou por todo o castelo matando o silêncio nocturno que até então reinava.
A aia apressou-se a acudir a sua senhora, enquanto Braddus que apenas despira o grosso casaco,devolveu o ferro à lareira e sem ponta de remorso abandonou a sala, não reparando que atrás dele, a porta de serviço se fechara silenciosamente.
Na  sala a imperatriz solicitava à aia  que procurasse ajuda entre choro de raiva e de dor.
A loucura habitava no castelo!

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