sábado, 21 de novembro de 2015

Madalena arrependida



Num palco de vida improvisado
Um drama de vida representado
Não houve na construção cuidado
Narrei como se fosse Bardo

.........
Duas vozes num grande acorde
Uma Ópera, Uma imensa Ode
Dois desejos, um único Fim
Um corpo gasto, outro cetim

Uma voz vibrante e feminina
Num rosto Lânguido de menina
Encarava o quarentão Obeso
Muito rico, enorme peso:

"No rio da vida, sou truta
Nesta tua cama, sou puta
evito as pedras e anzóis
Sou tua Madalena com caracóis"

Sorriu o gordo infame
Envergonhado pela vexame
estendeu-lhe duas notas
nas mãos estáticas, mortas:

" Não sou pescador,
De trutas não entendo
Mas também eu as como
Não me faz isso, pecador!"

Envergonhou-se a outrora criança
que a burrice dele sempre a cansa
Numa prece já imensamente repetida
Atirou na voz a amargura contida:

"Fica sabendo que eu renasço
A cada banho, me lavo de ti
Do teu ser,apenas o cansaço
Separa-te e vem para mim!"

O gordo e fazendeiro,
Da sorte dela rendeiro
Tirou mais dinheiro
e respondeu certeiro:

" Tenho em casa uma mulher
Três filhos já Varões
As minhas grandes criações
Tu, miúda não tens condições.

Era assim, sempre assim
Ele usava e abusava, brincava
No seu corpo branco, de marfim
A outra amava, a ela penetrava

"Não sou boneca de porcelana
Tenho um filho, que mãe me chama
Não me deito contigo por dinheiro
Mas para lhe dar futuro certeiro"

Madalena chorava a seus pés prostrada
O bafiento cliente, que a ela tomara
O marido abastecido, que ela desejara
E as promessas de viver com ela?

" Disseste que me amavas
Que da miséria me tiravas
Que era o teu consolo
Que te dava alegria, meu tolo!"

Vestindo-se o rico Obeso
olhou-a muito surpreso
encolheu os a mão forte
e riu-se por fim da sorte

" Uma dama de companhia
Uma dona de casa
A ti sempre fodia
a promessa era escassa"

Numa ultima lágrima ela o encarou
O punhal,a lamina, no gordo penetrou
Num ultimo beijo assustado,
Viu o seu cliente de sangue tombado:

" Nesta vida fui Devassa
Dos teus sonhos Palhaça
Morre agora, rico fazendeiro
Que a viúva gaste o dinheiro"

Cai o punhal, no chão vidrado
ela cortou o sexo murchado
fechou a porta com mil cuidados
e lambeu os dedos ensanguentados!

Sem comentários:

Enviar um comentário