sábado, 25 de novembro de 2017

Lápide - capitulo 4







E o orgasmo açúcar em ponto espadana a crescer
no calor do abdómen...
Sussurrando que o Amor é um homem incompleto...
Implorando silêncio, compreensão
e um tempo que transpira pelo chão, ofegante...

http://librisscriptaest.blogspot.pt/2011/06/entrega.html




ALMA MATER


Há nas existências mundanas de vidas sujas, gastas ou pardas uma clarividência de que existe algo de majestoso, de incompreensivelmente belo e perfeito que nos faz chorar da nossa mortalidade e da nossa existência.
Todos nós temos uma dimensão oculta. Uma dimensão escondida, uma dimensão submersa. Um lugar profundo onde só entra quem estiver convicto da sua existência cósmica.
Sempre fui profundamente católico, ou pelo menos sempre bebi dessa fonte de vida que é a magnitude da alma, do ter de ser assim, do conceito católico do bem, do ser-se íntegro em caminhos tortuosos e labirínticos do facilitismo, da chico-espertice, da maledicência.
Respeito os outros, independentemente de esperar esse mesmo respeito da parte deles e sigo a minha regra dourada de que são as pequenas acções, leia-se as boas acções, a alavanca para mudarmos o Mundo. Não me considero santo ou exemplo, sou como sou apenas porque o quero ser e esse é o meu caminho.
Sempre fui assim, mas hoje...Hoje não me reconheço, não me mereço, não me recomendo.
Bestialidade de duas pernas, servo da lírica de Thomas Hobbes, sou mau como qualquer animal selvagem amedrontado ou magoado. Hobbes é que a sabia toda, nascemos maus, somos bestas e um dia a mão que nos segura, a mão que nos ampara e nos guarda a Alma Mater da minha situação enquanto ser moralmente frágil,desaparece, some qual D.Sebastião e perco o Norte, perco o rumo, solta-se a fera, acorda-se a bestialidade contida em mim. Soou mau, não porque posso, mas porque já não me seguras.
Maria, minha santa Maria da perdição, que estavas no lugar errado à hora errada. Porque não te foste embora? Porque não percebeste que um homem desesperado faz coisas impensáveis, imorais e profanas? Acaso achas que se fossemos todos certinhos, a igreja teria criado o confessionário? Ah Maria agora fodida de face sentida e cara de dor que não se me acalma este meu torpor.
Há minutos atrás ataquei-te, rodopiei o teu corpo ante a tua tentativa de fugires do meu ataque e te estirei na mesa, com o meu prato de ovos mexidos que tão piedosamente me serviste a servir-te de almofada, enquanto me debato com estas tuas calças que não querem me obedecer, ansioso por ver o destino final, o local correcto onde irei depositar o meu mastro latejante e quente. Sim, doce Leonor, se me estiveres a ver agora pela câmara, prepara-te! Aposto que já não me sabias capaz de ereções espontâneas, da magnitude fálica que sempre te penetrou. Aposto que não me sabias capaz, de segurar umas costas de alguém com uma mão, forçando-a a dobrar-se sobre o tampo da mesa, a afastar pernas dela com os meus pés, largo o cabelo dela com a outra mão para poder firmar o membro e meto numa estocada seca, sem grande preparação, a frio como se costuma dizer. Vou repetindo, cada vez mais convicto do meu papel nesta operação, cada vez mais confiante, procurando o teu seio esquerdo espalmado no tampo a imitar carvalho. Claro que ela, a suave Maria em contrição manifesta verbalmente a sua dor, todo o seu pesar por não me ter abandonado como tu o fizeste carnívora Leonor de ânus por mim arrebentado. 
Queria falar algo, desculpar-me, assegurar à minha vitima a importância deste meu acto. Sossegar a insípida Maria que toda e qualquer responsabilidade deste infortúnio se deve à cabra da minha ex-esposa, que me deixou sem rédea, à solta no apartamento, com àlcool, humilhado, confuso e sedento de descarregar esta raiva, este ódio cego em alguém.
Mas por favor não te julgues inocente em todo este pequeno drama. Tu, empregada a dias que tantas vezes me lavaste as cuecas, que me deste de comer, tu que tens o desplante de ficares a sós comigo, mesmo depois de veres o meu estado deplorável. Que tens a falta de bom senso de me barrar o caminho quando ainda podia fugir e me mostras essa camisa de botões abertos. Que querias tu? Quem vai para um funeral de uma vida conjugal de botões de camisa abertos e mamas enormes? Culpada portanto e este júri não se comove com gritos e choros de lamentações só com grandes penetrações.
E sabes incrédula Leonor,  eu faço o meu papel nesta improvisação caseira, faço o meu melhor apesar dos meses de intensa inactividade a que me sujeitaste e faço-o pela sapiência de me ter mantido minimamente activo na palma da minha mão, em jactos perdidos, lamentos desperdiçados em magma branco na tua preciosa banheira de hidromassagem redonda que me custou uma fortuna e na qual nunca consegui tomar um banho de emersão tranquilo, com medo de escorregar pelos degraus, sem sítio onde me agarrar, como uma ilha perdida num imenso lago azul. pois agora dou graças a todos os Divinos, (sim porque para me entenderem têm de haver necessariamente  mais que um já que como tu dizias eu torro a paciência a um santo!) pelos meus pequenos ensaios, pequenos treinos tipo cem metros livres.
Talvez por isso ou devido a isso, os primeiros passos são desastrosos. Peço que me desculpes o desatino infortunada Maria. Ao fim de poucas estocadas ele cospe, cansado e admirado. Cospe-te dentro das entranhas em esguichos regulares, talvez assustado de tanta acção em corpo estranho, o probrezito que te martela como martelo pneumático, na insana dimensão de toda a minha loucura.
Repito a operação, sinto que já não me apertas o caminho, que já não dificultas a intromissão da cobra devoradora que poderia ser a de Hobbes em Leviatã , mas desta vez com mais empenho, espantado por ainda não ter regressado à sua forma natural e abrando o marcha, incito o teu ânus com o polegar esquerdo, talvez seja a minha forma de te preparar para o meu mais recente devaneio, verto alguma saliva. Tu, aflita Maria olhas-me de relance, já não choras, já não gritas mas o teu olhar é ainda de incompreensão, ou pelo menos assim o interpreto e mudo de destino, busco esse orifício negro e entro sem ser convidado numa última erecção digna desse nome e jorro num suspiro em forma de grito, pouco depois de ter visto o corpo do meu sexo desaparecer dentro do teu ânus.
Toda a energia gasta no assalto ao castelo trouxe consequências imediatas ao meu corpo. As pernas tremeram, sacudiram em espasmos musculares, como varas de bambu ao vento e sem ter a ousadia de te olhar Maria comida, deixei-me cair de rabo na fria tijoleira cor de creme, secando com as costas da mão direita o suor que me percorre o rosto, indiferente ao teu castigo, à tua revolta, ao teu pranto de virgem ofendida. Na verdade permito que me castigues da forma que o pretenderes, mata-me até se o entenderes, era um favor que me fazias. Salvavas um casamento ao me fazeres desaparecer do mapa, Leonor voltaria para o seu trono, iria gerir e muito bem este incidente, atribuindo-me o papel de tirano, desculpando-se para todo o sempre perante os nossos filhos, que não poderia de facto partilhar mais o tecto comigo, com esta minha loucura. Ela provavelmente inventaria agressões nocturnas, violações forçadas e se escudaria no meu comportamento nas ultimas horas. Assim, o Miguel quando viesse a casa dos pais agradeceria à mãe todo o sacrifício que fizera  em me aturar, em me desculpar até onde pôde.
Observo os teus pés a firmarem posição no chão, ouço as calças a subirem e sinto a tua atenção a virar-se para mim. Sinto que me observas. Estarás a estudar-me ou a defender-te de mais um súbito ataque. Dizes algo num sussurro que não ouço, levantas-te lentamente e espero o pior. Um pontapé na cara? Um soco? Uma cuspidela? Recordo que deixei os talheres na mesa...Uma facada? Não me importo, pois se for que seja, tu safas-te bem. Alegas legítima defesa e acabas com isto...
Caminhas até mime para minha surpresa vejo que não te estavas a vestir, mas a despir o resto das calças. nada dizes, abres as pernas, levas o teu sexo à minha face, agarras-me os cabelos e esperas a minha língua. Não compreendo mas obedeço. Paras e me agrides com uma bofetada forte e voltas a pedir língua e voltas a agredir-me com um estalo e voltas a pedir língua abrindo-a de seguida, afastando os lábios vaginais regados com o meu sémen, pedindo-me um dedo, dois e voltando a sentares-te na minha boca e então tão inesperadamente quanto o meu ataque afastas a minha face e urinas-me, num imenso rio amarelo que desagua pelo meu peito.
Vejo de relance a faca na tua mão e então eu sorrio e grito-te a plenos pulmões...Mata-me!





Sem comentários:

Enviar um comentário