quinta-feira, 9 de setembro de 2021

ODE AO SILÊNCIO- Expiação

 



"Todos queremos ser amados pelo que somos,

sem mudar virgulas ou pontuação...

Esquecendo o que já fomos

e que a resiliência é uma ciência de paciência

que nos convida a abrir a mão."



  

                    "Á Glória de quem tudo, Aos seus acenos"

                                                                                 ( Dante - Divina Comédia)



Pobre diabo em bocas pálidas tragado. Repetidamente mastigado como carne de segunda...vorazmente mordido para que o seu sangue, ou melhor o sangue do seu Ser, o rio vermelho que o fez viver e acalentar essa fugaz esperança de um dia tudo perceber e  no calor da certeza do fogo infernal dos outros, os que me cantaram, que o amaldiçoaram, que lhes bradaram e tudo para e por não te ter.


Pobre velhaco que nada vê!


 Completava-te amiúde no tempo morto de meus devaneios, no Rigor- Mortis de nós, na pausa angélica e sinistra da Divina Comédia em Dante entretidos

Infinita sabedoria do senhor dos séculos, aquele que tudo vê s e o Mundo o inventa, numa penitência de vida como cousa melhor, que outra coisa nunca seria do que apenas aquela pequeninas cousas.

 E os bastardos todos...Tolos! De peles enrugadas e descaídas nesse espetáculo deprimente a que o tempo nos obriga...Nos castiga.


 Quisera eu não ter crescido!


Todos queremos ser amados, idolatrados, venerados até desejados. Todos queremos receber, mas não damos, nada oferecemos. Hipócritas de  alma pequenos...Pobres daqueles que só cresce o pénis e outros que não crescendo o dito, se pavoneiam em simulacros masturbatórios, numa ilusão da tesão que nem Dostoievski saberia catalogar ... Onde andam os teus demónios pequeno Fiodor Dostoievski?...Na breguilha das páginas do teu Crime e Castigo tanto vomitado nas minhas noites de insónia.


Puta que vos pariu!


E na noite a minha mão o segura, convida-te a o ver, a o mexer, a o tragar, a o ter. Vem...O tempo é o que fazemos dele e o nosso caducou na ânsia de nada fazermos , de nada mexermos , de o deixar correr, feder de cheiro a morto. 

O teu nexus, o meu sexus e os Plexus dos Henrys Miller deste mundo claustrofóbico..


Mas já não cheira a sexo nos teus lábios, na minha mente e na tua carne, pois não?


Já não dançam as borboletas na tua barriga, pois não doce Miúda? Já não te tremem os lábios como numa canção de Jacques Brell, num " Ne me Quite Pas" insolente , de mãos entre as pernas e dedos a quererem seguir destino...Entre pernas!

Puta que me pariu!

Não serás a sombra disto, dos tempos mudos, dos gemidos perdidos, dos segredos oprimidos, dos desesperos contidos, das seivas cuspido em peito branco e quente.

Não seremos os despojos do dia, de uma época em que escrever era um dever e senão pelo menos o merecer, entre beijos perdidos, afagos negados em passados a tinta de china pouco brilhantes, nada confiantes mas sempre hesitantes..


Oh e fui eu!

Mais pernas que barriga, mais versos que melodia, mais tesão que eu merecia, em branco lívido jorrado. Que sei eu deste mundo, desta vida, desta minha vida, deste meu minutos estragado, em prazer incontado, incontestado não confessado ainda o afago...a mão...o sexo dorido, calejado. Não sorrias !


Assim fico como partícula em suspenso, corpo em ejaculação, vida sem noção, cabeça sem coração, corpo sem  tesão, presente sem razão,  cabeça sem noção, sujeito sem consideração, passados em traição, futuro sem pontuação e mundo em contestação...

Oh que se foda!

Até um dia! Até ser de novo dia. Até ter o que te pertencia. Até voltar a ver a estátua que se partia , a Mona Liza que sempre me sorria, estática primavera em Outono perdido. E que o Inverno se assuma , húmido, frio e agreste na proporção de tudo aquilo que me deteste, até mesmo essa ultima masturbação que nunca me deste ou a falta de prazer que tiveste.

Seria sempre um èdipo de Voltaire!







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